Por DIEGO MÜLLER

terça-feira, 12 de abril de 2011

Seguimento...

...de Volmir Coelho!


...O que vem pôs um começo, que repisa os mesmos rastos, que vive das mesmas cenas, nas saudades dos retratos!

Recebi essa semana, em Caçapava, das mãos do Volmir Coelho e da Vomáris, seu segundo CD, já nas lojas e à venda: SEGUIMENTO! Esse CD me deu uma grata satisfação em escuta-lo, pois fui convidado a realizar a sua apresentação, juntamente com o amigo e parceiro, poeta de Piratini, Juarez Machado de Farias. O CD está maravilhoso e vaale a pena adquirir e escutar. Pras horas de mate...
Parabéns VOLMIR por mais esse filho, e que muitos ainda surjam nessa caminhada que voce conhece bem. sucesso sempre, e conte com o "ermão" de sempre, DIEGO MÜLLER!

(Décima do peão ajustado - Volmir Coelho, na Reculuta de Guaiba)

Estava eu, a exatamente 1 ano, em São Luiz Gonzaga, no galpão-amerindio-guarany-missioneiro do Jorge Guedes, junto a fraternos “ermãos” de verso e canto, participando de um programa de TV sobre a vida e a obra do mestre-pioneiro de estrada e sonho Noel Fabrício Borges do Canto da Silva, seguindo nas rotas e passagens do mesmo dentre as missões gaúchas. Entre nossas cruzadas, estavam locais mágicos como o Cará´o e suas fontes e São Miguel e suas ruínas missioneiras. Porém, sem nenhuma dúvida, o local de maior energia existencial visitado foi o mausoléu de Noel Guarany. Noel era apaixonado por Onze-horas e por Joãos-de-Barro – inclusive se jogando em uma enchente, certa feita, para salvar uma pobre ave machucada. Em roda de sua campa, o retrato de um belo jardim de onze-horas abraçava à tarde... e no braço esquerdo da cruz – de quatro braços, claro – uma casa de João-de-barro zelava a continuação do amor a sua companheira. Enquanto nós, os familiares e a produção escutávamos a gravação da última e decisiva entrevista do programa, realizada por João Sampaio – maior parceiro de Noel Guarany – no fim da mesma, o João-de-barro macho salta daquele mesmo rancho, se apóia no mesmo braço da cruz, feito um payador debruçado na guitarra, e abre sua goela, quebrando o silencio absoluto do lugar, como entoando uma milonga – de pulperias – onde somente os ventos podem traduzir. Talvez algo comum aos olhos comuns... Mas, imediatamente, ao nos olharmos, estávamos todos com os olhos marejados – por emocionados – refletindo o poder que aquela cena nos proporcionava, no melhor sentido da palavra. Assim, a ave encerra sua cantoria (de quem recorre a vida cantando aos pés do eterno pai, e depois volta de novo, canta pra o povo...) ...e se vai! ...vai em direção ao norte – como mostrando um caminho a se adotar – deixando aos nossos sentidos entenderem onde se encerram os cantos de don Noel e de onde recomeçam os cantos da natureza, em subseqüência, de um ao outro – de sombra e vida!
...Recordando esse momento, não descubro outro fato que melhor retrate a palavra Seguimento – refrão de vida – que dá título a este novo trabalho de fronteira, que segue ao passo dos bons antigos e dos mais remotos tempos de Rio Grande, firmando adelante o seu passo. Pois Volmir tem a pegada de um Noel Guarany: é musical nas melodias, simples em suas letras, forte nas suas mensagens, traz entonação social, canta o lugar bem de onde vem e cuida sua procedência e sua família, feito un hornerito al rancho.
Portanto – assim como a alma é continuidade de vida, assim como o rancho é a seqüência da terra, as flores são o prosseguir da carne e nossos filhos são a extenção de nós mesmos – digo: Volmir Coelho é seguimento de campo e raiz, feito uma forte figueira, na abrangência de suas copas, no ameno de suas sombras, no doce de seus frutos e nos galhos pa´ los hornos... às vezes caindo a casca da volta –  mas com o cerne sempre em nós!
           
            – De buen gusto... encilhem um mate, joguem seus olhos às aves dos horizonte e escutem esta conseqüência de quem somos, reservando lembranças tantas a cada obra em si sentida, compreendendo que ainda temos muito pra allá seguir pelas estradas de cada um!!!

            “Há braços”, de toda a armada, meu “ermão” João-de-barro, por mais este feliz sonho...
            ...Do teu parceiro e amigo de sempre:

            DIEGO MÜLLER 
Canoas, Chácara Barreto, primavera de 2009.


(Volmir Coelho, Zeca Alves, Furiam e Diego Müller - 
No reponte, em São Lourenço - 2009)

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Nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém. Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.” 
Chico Xavier

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