Por DIEGO MÜLLER

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SUICIDIO COLETIVO DOS ÍNDIOS Guarani-Kaiowá

 
VAMOS FAZER BARULHO!
 
 
Por que isto é importante?

ASSINE AQUI TAMBÉM

http://www.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/

Uma carta assinada pelos líderes indígenas da aldeia Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, e remetida ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), anuncia o suicídio coletivo de 170 homens, mulheres e crianças se a Justiça Federal mandar retirar o grupo da Fazenda Cambará, onde estão acampados provisoriamente às margens do rio Hovy, no município de Naviraí. Os índios pedem há vários anos a demarcação das suas terras tradicionais, hoje ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros.
 
 
 
A NATUREZA EM NOSSA VIDA!

Veja e ouça aqui o povo Guaraní-Kaiowa:
http://www.youtube.com/watch?v=n7tJWKCqS68

Os índios da aldeia Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, pedem há vários anos a demarcação das suas terras tradicionais, hoje ocupadas por fazendeiros e guardadas por pistoleiros. Estes índios sabem que não tem chance de sobreviver longe do rio Hovy, no município de Naviraí, de onde tiram o seu sustento, e hoje estão cercados pelos pistoleiros que trabalham para os ruralistas que os expulsaram de lá. Alguns já foram sequestrados, torturados e assassinados. Desesperados, os líderes indígenas da aldeia Guarani-Kaiowá remeteram ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI), uma carta que anuncia o SUICÍDIO COLETIVO de 170 homens, mulheres e crianças se a Justiça Federal mandar retirar o grupo da Fazenda Cambará, onde estão acampados provisoriamente
às margens do rio Hovy.

 Precisamos pressionar a Justiça Federal para que restitua a terra aos índios Guarani-Kaiowá, impedindo que sejam despejados da margem do rio onde sempre viveram. A nossa mobilização pode ser a única chance de impedir esta tragédia e salvar a vida e a cultura desse povo.

Leia a íntegra da carta dos índios aqui:http://blogapib.blogspot.com.br/2012/10/carta-da-comunidade-guarani-kaiowa-de.html
 
 

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 Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS
para o Governo e Justiça do Brasil

Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.

Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.

Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.

Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.

Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.

Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Atenciosamente:
Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay
 
 
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"Dentro de mim há dois cachorros: um deles é cruel e mau; o outro é muito bom. Os dois estão sempre brigando. O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais frequentemente!"
(Provérbio Índio)

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Pássaro perdido...

Pássaro Perdido

(texto publicado no jornal ZERO HORA de 06 de outubro de 2012)


Há quarenta anos nascia em Uruguaiana a Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul. Depois dela, o Sul do Brasil lançou, pelo menos, outros cinquenta Festivais que cantaram a Música Gaúcha. Considerada a Mãe dos Festivais, a Califórnia da Canção também é Patrimônio Cultural do Estado. Durante a década de setenta foi realizada no Cine Pampa, bem no Centro da Cidade agregando também a Feira do Livro e Artesanatos. A partir de 1983, transferiu-se para o Parque Agrícola e Pastoril da Associação Rural de Uruguaiana. Ou simplesmente “Pastoril” pra gurizada que, como eu, dava um gás nos estudos pra passar por média e assim estar liberado já na primeira semana de dezembro pra curtir a Califa.
A Califórnia foi o nosso Woodstok Campeiro, nosso veraneio e carnaval, num tempo em que a AIDS e o CRACK ainda não habitavam esse pampa. Na época em que a Ipiranga, que teve com berço as margens do Rio Uruguai, bancava o maior festival folclórico do Brasil. Enquanto Luciano do Valle narrava uma final de Califórnia ao vivo para todo Brasil, parece que esquecemos de formar um Produtor Cultural. Nos anos noventa o Festival migrou para o Ginásio Municipal. Da virada do Século pra cá, também visitou Estádios, Parques e Clubes, voltou ao Ginásio, até que, em Dezembro de 2009, num domingo ao meio-dia, deu-se a 36ª e última edição da Mãe dos Festivais. Já são três anos sem Califórnia e a Pastoril está anunciando o Show de uma dessas duplas que pagam pra tocar na radio e na TV. 
Depois do sucesso do CARNAVAL FORA DE ÉPOCA o Velho Oeste apresenta o SÃO JOÃO FORA DE ÉPOCA. O que mais se vê é a gurizada de camisa xadrez, calça rasgada e ouvindo música caipira!




Volta Califa !!! Volta Pastoril !!!
Queremos a árvore, o fogo de chão, o artesanato, as artes plásticas, o livro, a trova, a culinária campeira e o sagrado jogo do truco para nossos filhos, sobrinhos e demais parentes. 
Sim meu querido Rio Grande, é um pedido de socorro.
A Mãe está na UTI precisando do nosso sangue!

PIRISCA GRECCO
Músico de Uruguaiana
vencedor de três Calhandras de Ouro


"Muchas Gracias Érlon Péricles, que me indicou ao jornalista Francisco Dalcol (ZH).
Obrigado Biratuxo, Nandico, Cajuzinho e demais Membros da Akadimia pela monitoração.
O Blógue está com as porteiras abertas."
Piriska Grecco

Adelante!



Há dois anos sem edições, o Festival Califórnia da Canção Nativa é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul. É sobre o evento que fala a canção de Pirisca Grecco, com letra de Rodrigo Bauer, chamada "Cada dezembro que passou em minha vida" fala (confira a apresentação extra no vídeo abaixo). "Não é propriamente uma reclamação à sua ausência, mas uma aclamação à sua existência. Temos o desejo de que o Festival volte, sentimos falta", explica Pirisca.

Natural de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do estado, o músico conquistou o Festival em três edições (2002, 2004 e 2005). A forma de protesto encontrada para questionar a falta do evento na cidade veio em forma de canção. "Na ausência de uma classe que represente os músicos, decidimos criar a música para fazer a nossa reclamação", diz Pirisca.


O músico, ao lado do grupo La Comparsa Eletrica, mantém um projeto no bar Dhomba, em Porto Alegre, com o objetivo de realizar diversas misturas de gêneros musicais. O Clube da Esquila acontece uma vez por mês, sempre às terças-feiras, e propõe a fusão do som regional com artistas de outros estilos, provocando uma maior expansão da música. "Esse é um projeto bem legal, já consolidado, que acontece há dois anos", conta Pirisca.


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“ A Califórnia está de volta”
(Rodrigo Bauer)

* Musicada por Pirisca Grecco

Eu me criei acompanhando a Califórnia!
Cada canção, de certa forma, me marcou…
Desde “Guri” eu fui guardando na memória
todo esse encanto que jamais me abandonou!

Cada dezembro que passou na minha vida
foi confirmando essa paixão e esse amor…
Minha comparsa segue os passos dessa lida;
sobram rebanhos para o bom “Esquilador”!

No ”Roda-Canto” do destino milongueiro,
fiz meu caminho sonhador estrada afora…
Pela querência eu ando tal “O Forasteiro”,
girando a sorte na “Mandala das Esporas”!

Porém os tempos, cada vez mais “Desgarrados”,
plantam barreiras muitas vezes sem sentido;
e a Califórnia, com seu canto silenciado,
fez da Calhandra mais um ”Pássaro Perdido”!

Todo o Rio Grande emudeceu nesse silêncio,
pois nosso canto necessita de sua voz…
A Califórnia unifica a cor do lenço:
são maragatos, são chimangos, somos nós…

Mas aqui estamos, outra vez, em plena forma…
A Califórnia está de volta e nos irmana!
E esse “Guri” que fui um dia, a mim retorna
num “Veterano” pra cantar Uruguaiana!



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"Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas!"

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dentro do espelho...

 


O homem dentro do espelho

O homem dentro do espelho
É tão parecido ao de fora
Nos traços graves de velho
Nas mesmas rugas de agora

Porém o velho de dentro
É só o inevitável destino
Esperando a roda do tempo
Mudar o olhar do menino

Antes era o avô que morava
Nessa imagem refletida
Depois partiu, criou asas
Sem volta e sem despedida

Um dia o pai, feito um quadro,
Dentro do espelho fez casa
Até, também, ser levado
No tempo que a tudo abrasa

Ficou o menino, distante
De sonhos claros, repleto
No outro mundo de antes
No alegre rosto dos netos

Nunca pude compreendê-lo
Aceitá-lo é o meu destino
O velho dentro do espelho
Já se esqueceu do menino

Martim César
 
 
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LA POESÍA ES UN ARMA CARGADA DE FUTURO

Cuando ya nada se espera personalmente exaltante,
mas se palpita y se sigue más acá de la conciencia,
fieramente existiendo, ciegamente afirmado,
como un pulso que golpea las tinieblas,

cuando se miran de frente
los vertiginosos ojos claros de la muerte,
se dicen las verdades:
las bárbaras, terribles, amorosas crueldades.

Se dicen los poemas
que ensanchan los pulmones de cuantos, asfixiados,
piden ser, piden ritmo,
piden ley para aquello que sienten excesivo.

Con la velocidad del instinto,
con el rayo del prodigio,
como mágica evidencia, lo real se nos convierte
en lo idéntico a sí mismo.

Poesía para el pobre, poesía necesaria
como el pan de cada día,
como el aire que exigimos trece veces por minuto,
para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.

Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
decir que somos quien somos,
nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
Estamos tocando el fondo.

Maldigo la poesía concebida como un lujo
cultural por los neutrales
que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.
Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.

Hago mías las faltas. Siento en mí a cuantos sufren
y canto respirando.
Canto, y canto, y cantando más allá de mis penas
personales, me ensancho.

Quisiera daros vida, provocar nuevos actos,
y calculo por eso con técnica qué puedo.
Me siento un ingeniero del verso y un obrero
que trabaja con otros a España en sus aceros.

Tal es mi poesía: poesía-herramienta
a la vez que latido de lo unánime y ciego.
Tal es, arma cargada de futuro expansivo
con que te apunto al pecho.

No es una poesía gota a gota pensada.
No es un bello producto. No es un fruto perfecto.
Es algo como el aire que todos respiramos
y es el canto que espacia cuanto dentro llevamos.

Son palabras que todos repetimos sintiendo
como nuestras, y vuelan. Son más que lo mentado.
Son lo más necesario: lo que no tiene nombre.
Son gritos en el cielo, y en la tierra son actos.

Gabriel Celaya
 
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"Frase que é frase termina com um ponto. No máximo... "
Alice Ruiz