Por DIEGO MÜLLER

domingo, 31 de março de 2013

Semana santa...


...e o 42º Festival da Barranca



Começa nesta quinta-feira, 28 de Março, mais uma edição do tradicional Festival da Barranca. Organizado pelo Grupo Amador de Arte Os Angüeras, o evento acontece todo o ano, no período pascal. Apenas homens participam. Rodeados de violões, bombos leguero e muito churrasco, os músicos recebem o tema anual no Festival na quinta-feira à noite, tem toda a seta-feira para compor e musicar suas músicas. A apresentação é no sábado, para a avaliação dos jurados.



A estrutura para o evento, que acontece nas margens do Rio Uruguai, já está montada. Serão aproximadamente trezentos músicos reunidos, com destaque para as presenças de Yamandú Costa, Érlon Péricles e Luis Carlos Borges, que está completando cinquenta anos de carreira.


Em 2012, com os versos “…A estação ali na frente, Galponeira, sim senhor, Fogo grande hospitaleiro, Com mate e computador…”, a canção “Na Estação ali na Frente”, de Pirisca Grecco, Miguel Tejera e Tadeu Martins, levou o primeiro lugar do Festival da Barranca.

O Festival na História


O festival da Barranca foi criado pelo grupo Os Angüeras – Grupo Amador de Arte, de São Borja. Conforme o histórico disponibilizado em seu site, o grupo foi fundado em 10 de março de 1962, com atuação permanente nos campos da música, do teatro, da literatura regional e da pesquisa de folclore, o Os Angüeras – Grupo Amador de Arte, surgiu a partir do Departamento Cultural do chamado “Clube dos Dez” – grupo de amigos que se reuniam, periodicamente. Os fundadores foram Apparício e Suzy Rillo, Carlos e Maria Moreno, José e Magda Bicca, Sady Santiago e sua noiva Ana Rosa, Darwey e Mariazinha Orengo, Telmo de Lima Freitas e Vicente Goulart.


“O nome foi escolhido a partir da sugestão do poeta e historiador Apparício Silva Rillo. De origem Guarani, “Angüera” significa “espírito que volta” ou “alma que se devolve ao corpo”, um pouco estranho a primeira vista, mas, logo, compreensível, pois o “Angüera” antes triste e caladão, virou cantador e tocador de viola, depois que os padres das Missões o batizaram e lhe deram o nome de Generoso e, assim, na mitologia missioneira “Angüera” pode ser considerado o patrono da música e da alegria gaúcha.”

(Carlos Cachoeira, Diego Müller, Olívio Dutra e Paulinho Cardoso)

Por Fábio Giacomelli

Fotos e informações:

- X - X - X - X - X - X -


Correria boa de abril e maio...
E vamos trabalhando!!!

XI Canto Missioneiro - Santo Ângelo/RS
15, 16 e 17 de março de 2013:
* LUNA MISIONERA - Chacarera
L: Diego Müller e João Sampaio/M: Ernesto Fagundes
* UN CHAMAMÉ Y NADA MÁS - Chamamé
L: Diego Müller/M: Marcelinho Nunes

XXI Sapecada da canção nativa - Lages/SC
24 e 25 de maio de 2013:
* FOLE FLORIADO - Chamamé
L: Diego Müller e Rodrigo Bauer/M: Edilberto Bérgamo
* FLOREANDO - Chote
L: Filipe Calvete Corso/M: Diego Müller

Suerte pa´ todos y pa´ nosotros!

Abração!

- X - X - X - X - X - X -


"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás para atravessar o rio da vida – ninguém, exceto tu, só tu!"

segunda-feira, 25 de março de 2013

Um pouco de infância...

...e de dança!


Passei uma das semanas passadas toda (principio de semana) escutando vinil antigos dos quais me trouxeram vários sentimentos, porquês e lembranças. Isso associado e minha ida ao rodeio de caxias de 2013 (cidade que fazia um ano do qual não conseguia subir para rever meus amigos - e estava com saudade de todos), onde na volta conversei muito com meu colega de viagem, Arévalo Almeida (originário de um meio dito de enart), com o tema totalmente em cima das danças gaúchas e do nosso meio dito tradicionalista, onde esses fatos me inspiraram a estas palavras...

...Me recordo, em minha infância, da qual em vez de brincar de carrinhos, De skate, de futebol e tantas coisas comuns a uma pessoa comum (hehe), todas minhas diversões principais eram baseadas em coisas rurais e do meio da dança e do espetáculo gaúcho. Imitações de ensaios, de shows, construção de parque de rodeios, apresentações , gauchadas, tiros de laco, gineteadas e tudo mais... Chegando até a organizar regulamento de rodeios com minhas próprias normas e idéias. Coisa de criança viciada da qual viu isso a vida toda. E vez de escutar rock nacional e gaúcho, minha audição se resumia a passar os vinis de Noel Guarany, Paixão cortes e de Inézita Barroso para cassete onde eu podia os escutar em meu quarto, enquanto desquitava um tento para fazer crus barbicachos para meus chapéus, coldres para algum futuro revolver, bombas de taquapis, isqueiros de fuzil, passadores de chifres e bainhas para facas e facões. Nessa mesma época que levei os primeiros trabalhos de luiz Marenco, de jorge Guedes e Joca martins, além dos já clássicos temas de Noel Guarany, aos meus colegas de mirim, de juvenil e, a posterior, de um grupo adulto. Nem todos aceitavam esses fonógrafos, mas hoje certamente inserido em suas culturas musicais!
Minhas tardes, em vez de seção da tarde, eram animadas por fitas de videos do fegart 93, de farroupilha, onde eu sabia de cor as apresentações do Ctg os serranos, melhor grupo que já vi dançar, ensinado por meu mestre Rui arruda, imitando até os sapateiros, entradas, saídas e danças (queromaninha, fandango, gralha azul, etc e etc). Tempo clássico que não volta mais. Estava lá sentado assistindo e sei o quanto essa apresentação mudou minha vida! Isso por eu já ter vindo de um meio totalmente artístico: Comecei a caminhar vendo os ensaios do Tropeiros da tradição (antigo), dentro do próprio Brazão, convivi com Terson Praxedes, meu amigo, do qual sempre gosto de falar sobre dança e cultura! Vi o Eri Assenato dar aula de danças no Brazão, isso em 91. Frequentei pia os últimos mobrais, assisti o xarope a dançar sua famosa chula, ouvi causos sobre Norton Do Carmo (mago da dança), brincava na casa do Ronaldão, dançarino dos Muuripás... Tudo isso quando meus pais (tri campeões do estado) dançavam ainda nos primeiros eventos em farroupilha, onde, pra completar, tinha meu padrinho de nascimento Celso Luz da Costa (O Celsão), ex dançarino na época dos gaúchos, como instrutor desse grupo, dentre outros. Depois veio o fegart e eu sempre lá. Ultimo fegart e primeiros enarts dai como dançador de chula, tenteando implantar o que eu pensava (sem resultados, obvio)! 92 em vacaria acompanhei de perto toda a revolução que a dança teve, principalmente pelo livro da carta de vacaria ter sido organizado dentro do Brazão. Revolução essa vinda já do fenart 91, que hoje muitos se olvidam. Vi bem de perto o barbicacho e o minuano, seguido pelo porteira do mola e dos grupos do Ramiro, matando a pau. Não menosprezo os outros grupos e as outras escolas, mas somente esses mexeram comigo. Só esses me emocionaram e fizeram minha memoria. Vi bem como esse modo de dança entrou no rs e em nosso Ctg Brazão Do Rio Grande, e se outras pessoas quiserem mentir, nosso ctg tem memória e poderá desmentir a qualquer hora... Por isso forçamos os diretores da entidade, a posterior (98), a trazer um dos que criou esse modo de dançar (que nada mais era do que apenas seguir o que o Paixão dizia, e ainda diz), tendo como nosso instrutor o Rui Arruda Antunes, meu instrutor a 16 anos já... 

Não aprendi a usar bombacha, não nasci usando bombacha... Aprendi a saber de onde vem a bombacha e ainda mais quis vesti-lá depois de saber a historia que existe por traz dela. É um orgulho! Não uma fantasia e uma norma! É um relato de nações e povos! Isso em tudo!

Bom...
Essa foi minha infância, essas eram minhas brincadeiras. Hoje reestudei uns vinis do Paixão, e para surpresa sabia de cor todas as letras e musicas, clássicos que muitos contestam, mas deu ao Paixão o prêmio de melhor interprete de folclore do nosso país. Como seria diferente?... eu gostar de outra coisa, eu seguir outros rumos, defender outras bandeiras, militar por outras culturas e outros modos sociais de ver o povo? 
Como conseguir não estar a frente de grupos de danças, mostrando minha visão e aprendizado, e não estar defendendo os meus?
Como conseguir estar apartado do folk, não gostar do terrunho, do simples? Como não se arrepiar com o folclore?
Esse era meu destino e é... Na infância ele já se moldou assim, e não foi por acaso.
Em vez de ver livros de pintar e de colar, minhas leituras (leigas pra época) eram Fernando Assunção, Paixão Côrtes, Carlos Vega, Barbosa Lessa, Jayme Caetano Braúna, Rillo, aureliano, Zeca Blau, etc e etc. obvio, Paixão cortes sempre como leitura predileta. Como não aprender? 
Em vez de fazer temas de casa eu colecionava quadrinhas folclóricas antigas (desde livros e danças açorianas, argentinas, vindo até Simões Lopes Neto e Augusto Meyer). 
Não é por acaso que o próprio Paixão tem um respeito enorme por minha família e meu CTG de origem, tanto que em muitas oportunidades pude estar com ele, aprendendo, ensinando, jogando conversa fora e conhecendo as pessoas com que ele aprendeu tudo. Boas e eternas oportunidades das quais agradeço e retribuo da melhor maneira possível.
Hoje ainda tenho a dança como meu talento principal, porém divido meu gosto maior entre ela e a Musica, vindo também dessa mesma época... onde estar entre, ser amigo e ser parceiro de pessoa que jamais imaginei estar perto, é um motivo de estremo agradecimento e de aprendizado (principalmente aprendizado)! Meus temas falam de mim e de tudo que aprendi e vi (independente se vi ou aprendi pouco), junto a meus amigos rurais e os livros e culturas das quais absorvi. Tudo dos livros e vinis citados acima tentei ver "In loco", aprender e reescrever, devolvendo a um povo do qual não conhece e nem sabe de onde apareceu. As vezes me contestando e contestando as obras... Mas, paciência: a militância não é apenas de um dia e de uma obra... É de tempos até se chegar ao povo! Quase uma guerra!!!

Não me arrependo... 
Porém quando perguntam, quem é o Diego, quem é esse tal de Diego, tenho orgulho de dizer que tenho amigos que me defendem e dizem realmente o que eu fiz na minha infância (que era sim, uma brincadeira para mim, que hoje virou coisa seria e responsável), quem eu sou e de onde venho... Principalmente de onde eu venho!!! Sou isso, uma pessoa inserida no que defendo. Não sou ninguém... Porem, Sou o que aprendi apenas, nunca mais que ninguém, e nem menos!!! Sou um gaúcho, não um dançarino ou alguém de Ctg, para se contestar estilo, modelo de bombacha que uso, tamanho de lenço, solado de bota, etc! Não sou fantasia: sou o meio! 
Não tenho ganas de sucesso ou de fama... Muito menos de grandes fortunas... Mas sempre levarei o que penso adiante, pondo o nome dos meus em primeiro plano! Levantarei essa bandeira sempre, sem me importar com imagens (mentirosas) ou simbologias criadas para maquiar o que foi! Levarei o verdadeiro e cru! 
Esse é meu destino: como cerne, sem atenção exagerada a casca!!!

Bom dia a todos!!!...
...E deem cultura a seus filhos!!!

Diego Müller - canoas, chácara barreto - janeiro de 2013

- X - X - X - X - X - X -


"Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro!"
Fernando Sabino