Por DIEGO MÜLLER

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Retratos...


O Auto-Retrato 
- Mário Quintana -


No retrato que me faço
– traço a traço –
Às vezes me pinto nuvem,
Às vezes me pinto árvore...

Às vezes me pinto coisas
De que nem há mais lembrança...
Ou coisas que não existem
Mas que um dia existirão...

E, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
Minha eterna semelhança,

No final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco

 Baixo-retrato 
- Martím César -

Com uma grande tendência ao fracasso
E ao suicídio - desde que seja por amor! -
Sempre enredado no seu próprio passo
Por não ter memória, um escrevinhador.

Esguio, melhor de pé do que de braço
No esporte quase um grande jogador
Pena o quase -um maldito descompasso
E o país perde outro moleque promissor!

Apaixonado pela noite e o submundo
E pelos tortos que habitam esse chão
Se pudesse de profissão um vagabundo...

Um Bocage ou qualquer doido de plantão
Mesa em mesa resolvendo a dor do mundo
Ao módico preço do seu próprio coração.

- * - * - * - * - * - * - * - * -


"Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas;  eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face?"  
 

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