Por DIEGO MÜLLER

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A dança...

...de Pablo Neruda!!!

(Atila Sá Siqueira)

Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo directamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho!


- * - * - * - * - * - * - * - * -


"Os que encontram significados perversos nas coisas belas,são corruptos sem serem agradáveis. E isso é um defeito." 
OSCAR WILDE.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Somewhere Over The Rainbow...

...o Tema do Mágico de Óz!!!
de Israel Kamakawiwo'ole



Somewhere over the rainbow
Way up high
And the dreams that you dream of
Once in a lullaby

Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dream of
Dreams really do come true

Someday I'll wish upon a star
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney top thats where you'll find me
Oh somewhere over the rainbow blue birds fly
And the dreams that you dare to, oh why, oh why can't I?

Well I see trees of green and
Red roses too,
I'll watch them bloom for me and you
And I think to myself
What a wonderful world

Well I see skies of blue and I see clouds of white
And the brightness of day
I like the dark and I think to myself
What a wonderful world

The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people passing by
I see friends shaking hands
Saying, "How do you do?"
They're really saying, I... I love you

I hear babies cry and I watch them grow,
They'll learn much more than
We'll know
And I think to myself
What a wonderful world

Someday I'll wish upon a star,
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney top thats where you'll find me.
Somewhere over the rainbow way up high
and the dreams that you dare to, why, oh why can't I?




- * - * - * - * - * - * - * - * - * -


"... E você, meu amigo galvanizado, você quer um coração. Você não sabe o quão sortudo és por não ter um. Corações nunca serão práticos enquanto não forem feitos para não se partirem..."

Prisão...

...intencional!



Aprisionado...  
(Diego Müller)

A cada passo que a distância me revela
Sinto minha cela mais escura, sem teu sol...
Pois ser distância é não dar passos – seguir nada –
De alma templada a querer ser teu arrebol!

Aprisionado... nesta lonjura incessante,
E ser distância mesmo estando perto a ti...
Sangro minhas horas nas prisões que a liberdade
Templa em saudade – nestas horas que eu senti!

Morri um dia... se a partida é dolorida...
Alma sentida... “baxo” às chuvas de um domingo...
Ressuscitei... num novo beijo desenhado:
Escravizado... no que bem restou comigo!

Morri um dia...    – Alma sentida...
Ressuscitei!...    ...ficaste em mim!...
Encarcerado...    – Um sonho alado...
– Me aprisionei...   ...e não teve fim!!!

Soltei meu verbo no sopro rude dos ventos,
Bem nos momentos – poucos – de se ver o sol...
Não me escutaste, e se me olvidaste era assim:
Inda há em mim querer ser o teu arrebol!

Aprisionado... me sinto, mesmo em lonjuras,
Já há nas planuras teu olor – que eu bem sorvi...
Um laço atado, preso ao tempo – e só, ao tempo –
Cruzando os ventos na direção que eu te vi!

Fiz o meu rumo... preso na dor calculada...
Quero maneia... entregue, por teu olhar...
Se me soltei... volto ao principio, tão cativo:
Escravizado... me fiz pra tu me livrar!!!



- * - * - * - * - * - * - * - * -



Dominguero...


EL DOMINGUERO
Abel Pintos


Me voy pa'l pueblo con la pilcha dominguera
camisa blanca, bombacha negra,
en alpargatas, faja roja y corralera,
haciendo juego con mi cinto 'e yacaré.

Allá me espera mi guaynita enamorada,
pollera verde, blusa floreada,
y me le prendo a la cintura, y cara a cara
meta valseao, rasguido doble y chamamé.

El sombrero gris oscuro
con un barbijo hasta el pañuelo justo al nudo.
¡Quién me aguanta en la bailanta
cuando embalao pego un fuerte sapukay!

Llevo el cuchillo afirmao a la cintura,
de cuerno 'e vaca, la empuñadura;
lo uso pa' todo, tiene doble afiladura
y más que nada pa' defensa personal.

Y cuando el sol asoma el pico en la alborada
vuelvo en mi zaino pa' la ranchada
medio "caú" y en la billetera sin nada
pero contento por haberla disfrutao.

El sombrero gris oscuro
con un barbijo hasta el pañuelo justo al nudo.
¡Quién me aguanta en la bailanta
cuando embalao pego un fuerte sapukay!
 

- * - * - * - * - * - *- * -
 
 
Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.
 

Cahureí...

Juan Payé 
 
 
Raul Lavié

Me dicen Juan Paye
y tambien Cahurei'.
Yo soy de Taragui'
para servirle a "uste'"...

Tigrero y domador,
soy gaucho del batel.
Tengo una "guaina" fiel
que me brindo' su amor...

De madrugada, mi churrasco y mis amargos,
y en seguidita me voy yendo pa'l corral,
donde no faltan casi nunca los encargos
se sosegarle los corcovos a un bagual...

Durante el dia , lazo, yerra o lo que venga;
de nochecita, soy de nuevo Juan Paye.
Me visto lindo, y en mi zaino con mi "guaina"
nos vamos juntos a bailar el chamame'.

Ah, mi Taragui pora' !
acordeon y "mbaraca",
"guah !, rasguido doble ...
Trotecito por aca,
una vuelta por alla,
bien bailado esta'.
 

- * - * - * - * - * - * - * -


"... afaste de nós os perigos e as preocupações.
A preocupação olha em volta, a Tristeza olha para trás, a Fé olha para cima
!"
(Oração popular afro) 
 

domingo, 23 de outubro de 2011

Os poemas...

...De Mário Quintana!


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso 
nem porto; 
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes 
que o alimento deles já estava em ti... 

(Do livro Esconderijos do Tempo)



- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -

Mário Quintana

Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em Alegrete na noite de 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994.

"A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas!"



- * - * - * - * - * - * - * - * - * -


"A arte de viver é simplesmente a arte de conviver ... 
simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!"
(Mário Quintana)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Viver a vida...

...Jorge Luiz Borges!




A vida é muito preciosa, e precisamos aproveitá-la hoje, a cada momento. 
Porque depois pode ser tarde...


"Se eu pudesse novamente viver a vida...
Na próxima...trataria de cometer mais erros...
Não tentaria ser tão perfeito...
Relaxaria mais...
Teria menos pressa e menos medo.
Daria mais valor secundário às coisas secundárias.
Na verdade bem menos coisas levaria a sério.
Seria muito mais alegre do que fui.
Só na alegria existe vida.
Seria mais espontâneo...correria mais riscos, viajaria mais.
Contemplaria mais entardeceres...
Subiria mais montanhas...
Nadaria mais rios...
Seria mais ousado...pois a ousadia move o mundo.
Iria a mais lugares onde nunca fui.
Tomaria mais sorvete e menos sopa...
Teria menos problemas reais...e nenhum imaginário.
Eu fui dessas pessoas que vivem preocupadamente
Cada minuto de sua vida.
Claro que tive momentos de alegria...
Mas se eu pudesse voltar a viver, tentaria viver somente bons momentos.
Nunca perca o agora.
Mesmo porque nada nos garante que estaremos vivos amanhã de manhã.
Eu era destes que não ia a lugar algum sem um termômetro...
Uma bolsa de água quente, um guarda chuvas ou um paraquedas...
Se eu voltasse a viver...viajaria mais leve.
Não levaria comigo nada que fosse apenas um fardo.
Se eu voltasse a viver
Começaria a andar descalço no início da primavera e...
continuaria até o final do outono.
Jamais experimentaria os sentimentos de culpa ou de ódio.
Teria amado mais a liberdade e teria mais amores do que tive.
Viveria cada dia como se fosse um prêmio
E como se fosse o último.
Daria mais voltas em minha rua, contemplaria mais amanheceres e
Brincaria mais do que brinquei.
Teria descoberto mais cedo que só o prazer nos livra da loucura.
Tentaria uma coisa mais nova a cada dia.
Se tivesse outra vez a vida pela frente.
Mas como sabem...
Tenho 88 anos e sei que...estou morrendo."


- * - * - * - *- * - * - * - * -


"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".

O escritor Jorge Luis Borges nasceu na capital argentina, Buenos Aires. Bilíngüe desde a sua infância, aprendeu a ler em inglês antes que em castelhano, por influência de sua avó materna de origem inglesa.

Aos seis anos disse a seu pai que queria ser escritor e aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto: "La Visera Fatal". Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde.

Em 1914, devido à quase cegueira total, seu pai decide passar uma temporada com a família na Europa. Em Genebra, Jorge escreveu alguns poemas em francês enquanto estudava o bacharelado (1914-1918). Sua primeira publicação registrada foi uma resenha de três livros espanhóis para um jornal de Genebra.

Em 1919, mudou-se para a Espanha e publicou poemas e manifestos na imprensa. Em 1921, retornou a Buenos Aires e redescobriu sua cidade natal, na efervescência dos anos 20. Nesse clima escreveu seu primeiro livro de poemas, "Fervor em Buenos Aires", publicado em 1923.

A partir de 1924, publicou algumas revistas literárias e, com mais dois livros, "Luna de Enfrente" (poesia) e "Inquisiciones" (ensaios), ganhou em 1925 a reputação de chefe da jovem vanguarda de seu país. Nos anos seguintes, ele se transformou num dos mais brilhantes e polêmicos escritores da América Latina.


Inventando um novo tipo de regionalismo, acrescentou uma perspectiva metafísica da realidade, mesmo em temas como o subúrbio portenho ou o tango. Nesta fase escreveu "Cuaderno San Martin" e "Evaristo Carriego". Mas logo se cansou desses temas e começou a especular sobre a narrativa fantástica, a ponto de produzir durante duas décadas, de 1930 a 1950, algumas das mais extraordinárias ficções do século, nos contos de "Historia Universal de la infâmia" (1935); "Ficciones" (1935-1944) e "El Aleph" (1949), entre outras.

Em 1937, Borges foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, o que foi seu primeiro e único emprego oficial. Saiu nove anos depois, indignado com a inclinação fascista que estava tomando a Argentina.

No que se refere ao amor, o caso mais quente do escritor argentino foi com Estela Canto, que depois lançou o livro de memórias "Borges a Contraluz". Ele conta em sua biografia que a pediu em casamento. Moderna e liberada para a época, Estela respondeu: "Eu aceitaria, Georgie, mas não podemos casar sem antes dormir juntos". Borges ficou assustado e desapareceu.


Aos 50 anos, o escritor já havia perdido parcialmente a visão. Com o passar dos anos, quando a cegueira se fez completa, sua mãe, Leonor, passou a cuidar dele, lendo e escrevendo o que ditava.

O reconhecimento literário de Borges se solidificou em 1961 com a conquista do prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, que dividiu com Samuel Beckett. Logo receberia também prêmios e títulos por parte dos governos da Itália, França, Inglaterra e Espanha.

Em 1967, Borges casou-se com uma amiga de infância, Elsa Astete. O casamento durou três anos e acabou com Borges fugindo de casa, sem coragem para discutir a separação. Sua mãe, Leonor, morreu em 1975. Seu segundo casamento foi com a sua ex-aluna Maria Kodama que se tornou sua secretária particular em 1981. Kodama era de origem japonesa e tornou-se a herdeira de seus direitos autorais.

Em 1983, Borges publicou no diário "La Nación" de Buenos Aires o relato "Agosto 25, 1983", em que profetizava seu suicídio. Perguntado depois porque não havia se suicidado na data anunciada, respondeu: "Por covardia". Borges afirmava freqüentemente o seu ateísmo e falava da solidão como uma espécie de segunda companheira.

- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -


"Um coração feliz é o resultado inevitável de um coração ardente de amor!"
Madre Teresa de Calcutá
 

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A imaterialidade da coisa...


...e o "tradicionalismo" atual!!!


Algo assustador vem ocorrendo gradativamente no Rio Grande do Sul. Um movimento de pressão política e cultural está em vias de subverter completamente o princípio do patrimônio imaterial. A primeira cena dessa burla ocorreu no gabinete do prefeito José Fortunati, quando foi apresentado o processo para “tombar o tradicionalismo e suas manifestações como Patrimônio Imaterial”, conforme notícia do Conselho Municipal de Cultura de Porto Alegre. O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) investe-se de elemento dessa aberração.

Por óbvio, se poderia considerar “patrimônio imaterial” manifestações culturais, mas não a “entidade” que as promove. Considerar o tradicionalismo, que é uma sociedade privada, organizada na sociedade civil, como “patrimônio imaterial” seria a mesma coisa que reconhecer o Grêmio ou o Internacional como únicas manifestações genuínas e autênticas do futebol. Certamente, se um clube sumir, isso não afetará a existência do esporte.

O tradicionalismo é um movimento cívico-cultural organizado em rede, de forma associativa, e de caráter de massa, articulado pela indústria cultural e diversos interesses comerciais, políticos etc., que, além de milhares de posturas sinceras, especulam com hábitos, costumes e elementos da tradição. Não existe imaterialidade no tradicionalismo. Duvidosamente, a imaterialidade poderia ser encontrada em algumas manifestações utilizadas pelo movimento, entretanto reinterpretadas, agregadas por sentidos contemporâneos, sem sustentação metodológica. Portanto, ainda assim, de forçosa “imaterialidade”.

A seleção, a reinterpretação, a reorganização, e o novo sentido agregado, adequado aos interesses do movimento, retiram a sua “imaterialidade”. O motivo: não é mais autêntico; foi tradicionalizada.


Desde os anos 1940, o tradicionalismo vem privatizando uma série de manifestações culturais, hábitos e costumes rio-grandenses. Muitos existiam isolados em regiões remotas. Da tradição foram retirados e reelaborados em uma engrenagem de rede. Um eficiente marketing e práticas de adestramento comportamental encarregaram-se de “educar” os contingentes como se pertencessem a todos os grupos humanos. E o que é pior: como se o RS tivesse um único gentílico formatador gauchesco.

Praticamente todas as manifestações adotadas pelo tradicionalismo já existiam antes do seu aparecimento como entidade privada. Se o tradicionalismo, por sua vez, desaparecer, as realmente importantes continuarão existindo. Patrimônio imaterial é o mate (legado indígena), a culinária, determinadas músicas e danças regionais etc., e não o tradicionalismo.


Com o sucesso de se transformar em “patrimônio imaterial”, o tradicionalismo chegou ao extremo de sua usurpação da riqueza cultural regional. Ele se converte em “único”, “legítimo” portador dos eventos da identidade. Ele passou a ser o próprio fenômeno. Parece evidente que esta nova expropriação não resiste à História e ao contrato republicano da sociedade contemporânea. A imanência tradicionalista o conduziu à crença de que ele é, em essência, a coisa...


Nessa lógica, a “cidadania” ainda será acusada de crime contra o patrimônio se realizar qualquer crítica a um tradicionalista (em essência, a coisa imaterial), protestar contra seus hábitos de estercar as cidades nos meses de setembro; espancar animais nos rodeios; ou o poder público ficará impossibilitado de realizar alguma reforma urbana porque em determinado lugar existe um galpão com uma placa tosca na fachada escrito CTG, cujas atividades são de duvidoso interesse público.

Passando à imaterialidade, só falta agora o tradicionalismo almejar ser o espírito do rio-grandense.

Artigo do professor e mestre Tau Golin, jornalista e historiador.

- * - * - * - * - * - * - * - * - * -  * -

Infelizmente hoje ler um livro parece, para alguns, significar "folclorista"... instruir um grupo de danças significa "professor"... usar uma bombacha significa "gaúcho"... Comprar um cavalo significa "campeiro"... ser conselheiro de um "movimento" - estanque e ditador - significa "mantenedor da cultura"... e tudo isso chama de "tradicionalismo"! Meus pesar, pois não é esta a visão que pregaram e que idealizaram da coisa. E longe disso é o que passarei adiante com o pouco que tenho a ensinar. A vaidade e a cobiça "material" em cima do imaterial prevalece, usando nomes de grandes para ganhar espaços temporários ena grandeza de um mundo silmples e sem complexidade... um mundo de terra e alma. Os criadores do movimento - verdadeiro - merecem mais respeito... e o homem rural não se vê nos olhos dessa gente, dita "gaúcha"!!! ... felizmente!!!


PRA FAZER PÁTRIA DE NOVO 
(Diego Müller & João Sampaio) 

Trago um sonido disperso 
E um crioulo resplendor, 
Nasci gaucho e payador 
No galpão grande do verso... 
A pampa é o meu universo, 
Meu brasão a liberdade, 
Mantenho pura a identidade 
E carrego fundo no miolo 
Tudo que um avô crioulo 
Me deixou de eternidade! 

Por isso tenho no canto 
Laço, flecha e arcabuz, 
Remansos de salmo e luz, 
Canção guerreira e acalanto... 
Contra o modismo me levanto, 
Aponto desvios cetegianos 
Que circenses e profanos 
Inventam decretos tenebrosos 
Com movimentos mentirosos 
Que ofendem os brios pampeanos! 

Assim enfrento sereno 
Os mercenários da cultura 
Que se acham de grande altura 
Mas na verdade são pequenos, 
Jujos ruins passam por buenos 
Pra grande massa povoeira, 
Roubam pesquisas inteiras 
E assinam com o próprio nome... 
São abigeatários com fome 
E corvos da arte campeira!

Pátria é este chão onde estou, 
Minha vida é a realidade 
Com a mesma intensidade 
Que eu herdei daquele avô... 
Meu canto se enraizou 
Como um palanque na memória 
Sem brilho de lata, ou glória 
De falsos tchês fantasiados 
E cantores alienados 
Cuspindo na nossa História!!! 

O meu canto é flecha e alma, 
Espelho de terra e de povo... 
De pé no estribo e lança afiada 
Pra fazer pátria de novo!!!

- * - * - * - * - * - * - * - * - * -  * -


"Tenho visto surgir, por vezes, "mecenas crioulos" que não sabem "o sol que anuncia a seca", "o pasto que faz mal", que "ovelha não é pra mato", deitando regras sobre a criação! Tem gente que só enxerga como culatra de carreta. Não adianta... Isto é folclore de campanha, mas não é para recavem acomodado em cadeira de veludo, sem identidade rurícula, cujo filosofar só parece em tripa de linguiça: cheia de ar! O melhor mesmo é abrir a porteira e deixar sair campo afora, de cola erguida, e que se percam sozinhos pelo pampa, engolidos por algum barrocal. Este movimento é irreversivel, vem de baixo para cima... da alma nativa do povo. Não agüenta tampão deste ou daquele pretenso bostejador sapiente!"
(João Carlos Paixão Côrtes)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sorriso...

...de lua nova!



O SORRISO

O Sorriso é uma conseqüência direta da felicidade.
O Sorriso é a expressão mais bonita que o ser humano tem.

O Sorriso embeleza qualquer pessoa,
independente de sua aparência.

O Sorriso nos trás forças e esperanças
para lutarmos contra todos os empecilhos.
O Sorriso é universal, tem reflexos por toda parte.

Quando Sorrimos, mostramos que estamos felizes,
de bem com a vida; mostramos que temos esperança
e que não nos deixaremos levar pelos problemas.

Quando Sorrimos passamos a nossa alegria para quem nos ama,
e não damos prazer para quem quer nos ver chorar.

Portanto, SORRIA SEMPRE
para que o amor que está em Você, BRILHE.

(Cris Iris)



SORRISO DE LUA NOVA 
(Juca Moraes)

Meu abraço busca terno tua cintura,
Violando o manto branco do teu véu 
Centelhas que desvendam criaturas
Poemas que mal cabem no papel.

Ganha forma uma nova geografia
Surgindo, do jardim, outra florada
E, do vale abençoado de alegria,
Nos surge essa montanha iluminada.

Eu vejo nossos sonhos que palpitam
Na vida, que em teu ventre, se debate;
Teu corpo ganha formas que se agitam
E eu sorvo a calmaria em cada mate.

Teu olhar, de linda flor, que se renova
Num beijo carinhoso, mãe e mulher;
Sorri este meu céu de lua nova,
Certeza que encontrei meu bem-me-quer!

Do teu colo brotarão novas vertentes
Fontes pra vida que o amor abençoou;
Imagem pura de um quadro inocente
Nossa verdade que a paz emoldurou.

No berço dos meus braços de ninar
Embalo nossas ânsias de entender
Que tudo o que temos pra ensinar
É pouco pra o que vamos aprender.


- * - * - * - * - * - * - * - * - * -

(Augusto Ferrer Dalmau)

"É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada..."

domingo, 16 de outubro de 2011

Vinte mil acessos...


...e alguns sabimentos a mais!


A TODOS...
(Martha Medeiros)

A todos trato muito bem
sou cordial, educada, quase sensata,
mas nada me dá mais prazer
do que ser persona non grata
expulsa do paraiso
uma mulher sem juízo, que não se comove
com nada
cruel e refinada
que não merece ir pro céu, uma vilã de novela
mas bela, e até mesmo culta
estranha, com tantos amigos
e amada, bem vestida e respeitada
aqui entre nós
melhor que ser boazinha é não poder ser imitada!

- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -


Quem Sabe um Dia
Mário Quintana
Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
- * - * - * - * - * - * - * - * - * - * -


O amor está mais perto do ódio do que a gente geralmente supõe. São o verso e o reverso da mesma moeda de paixão. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pra ser sincero...


...eu não espero de você...



Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação,
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
aperto de mãos
Apenas bons amigos...

Pra ser sincero eu não espero que você minta
Não se sinta capaz de enganar
Quem não engana a si mesmo

Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito,
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos

Pra ser sincero eu não espero de você mais do que educação
Beijos sem paixão,
crimes sem castigo,
Aperto de mãos,
apenas bons amigos...

Pra ser sincero não espero que você me perdoe
Por ter perdido a calma
Por ter vendido a alma ao diabo

Um dia desses, num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre,
Talvez a gente encontre explicação
Um dia desses num desses encontros casuais
Talvez eu diga, minha amiga,
Pra ser sincero... prazer em vê-la
Até mais...

Nós dois temos os mesmos defeitos
Sabemos tudo a nosso respeito
Somos suspeitos de um crime perfeito
Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos.


- * - * - * - * - * - * - * - * -


Humberto Gessinger 

é vocalista, guitarrista e baixista, brasileiro, líder da banda Engenheiros do Hawaii, que atualmente, ao lado do guitarrista Duca Leindecker, está trabalhando em seu novo projeto, Pouca Vogal .

Gessinger, descendente de alemães (da parte paterna) e italianos (da parte materna), já escreveu para colunas em jornais, apesar de não ser profissional da área. Cursou a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1986 gravou com os Engenheiros do Hawaii seu primeiro disco, Longe Demais das Capitais sendo o único integrante original a permanecer na banda até a "pausa" (em suas palavras), ocorrida em 2008.

É casado com a arquiteta Adriane Sesti, antiga colega de escola e faculdade, e com ela tem uma filha chamada Clara (nascida em 1992). É torcedor fanático do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Em 1992, Gessinger compôs para a filha Clara Gessinger (que nasceu naquele mesmo ano) a canção Parabólica, em parceria com o então guitarrista dos Engenheiros do Hawaii, Augusto Licks. A canção foi gravada no disco Gessinger, Licks & Maltz.

Em 1999, o cantor compôs (desta vez, sozinho) para a esposa Adriane Sesti a canção 3x4, gravada no álbum !Tchau Radar!.


Todo mundo tá revendo
O que nunca foi visto
Todo mundo tá comprando
Os mais vendidos
É qualquer nota,
Qualquer notícia
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer nova ,
Qualquer notícia
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo...

Todo mundo tá relendo
O que nunca foi lido
Tá na caras
Tá na capa da revista
É qualquer nota,
Uma nota preta
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer rota,
A rotatividade
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo
Um disparo
Um estouro

O Papa é Pop,
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa
O Pop não poupa ninguém
Uma palavra
Na tua camiseta
O planeta na tua cama
Uma palavra escrita a lápis
Eternidades da semana..

Qualquer coisa
Quase nova
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo

Toda catedral é populista
É pop
É macumba prá turista
Mas afinal?
O que é Rock'n'roll?
Os óculos do John
Ou o olhar do Paul?

(O papa é pop - Humberto Gessinger)


- * - * - * - * - * - * - * - * -


Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia
O medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia

Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido

Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre as sombras, entre as sobras da nossa escassez
Um dia super, uma noite super, uma vida superficial
Entre cobras, entre escombros da nossa solidez

Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo pra descobrir
Que não é por aí... não é por nada não
Não, não pode ser... é claro que não é, será?

Meninos de rua, delírios de ruínas
Violência nua e crua, verdade clandestina
Delírios de ruína, delitos e delícias
A violência travestida faz seu trottoir
Em armas de brinquedo, medo de brincar
Em anúncios luminosos, lâminas de barbear

(solidez)

Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como tentar o suicídio ou amar uma mulher
Viver assim é um absurdo como outro qualquer
Como lutar pelo poder
Lutar como puder


- * - * - * - * - * - * - * - * -

(Carlos Galicci)

"Na verdade "nada" é uma palavra esperando tradução..."
(Hmberto Gessinger)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A soma...

...do que somos!!!

(Francisco Madero Marenco)

A soma do que somos...
(Silvio Genro)

Eis o teu amor e o meu:
-Nosso!

... Amor cultivado 
Com as sobras das horas,
Tecido 
Com retalhos de ternura,
Amor adoçado 
Com pedaços de alegria...
Temperado 
Com restos de tempo,
Amor construído 
Com cacos de carinho...

Eis o teu amor e o meu:
-Compartilhado!

Subtraído e somado, 
Suado e sofrido,
Dividido e multiplicado...

Eis o teu amor e o meu:
-Fatiado!

Amor teimoso, 
Amor sobrevivente,
Amor por partes:
Metade saudade, 
Metade inteiro...
Teu meio amor meu
Mais meu meio amor teu.

Eis o teu amor e o meu:
-Juntos!!!


- * - * - * - * - * - * - * - * - * -


(Légua e pico - Silvio Genro/Tuny Brum)

- * - * - * - * - * - * - * - * - * -

(Carlos Muntefusco)

"A gente consegue ver o sol também através das sombras..."
(Humberto Gessinger)