Por DIEGO MÜLLER

segunda-feira, 26 de março de 2012

Tempo e o vento...

Inicia as filmagens 
de 'O Tempo e o Vento'


Quatro gaúchos estão trabalhando ao lado de Monjardim na direção do filme. Federico Bonani é diretor-assistente, Diego Müller (Diego Goulart Muller, irmão da cantora Shana Muller), Seani Soares e Zeca Brito são os três assistentes de direção. Cerca de 70% dos profissionais que trabalham no filme, entre direção, equipe, elenco e figurantes, são do Rio Grande do Sul.



Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda e Cléo Pires estão no elenco do longa


Jayme Monjardim no set de “O Tempo e o Vento” iniciando as filmagens

(Foto: Divulgação / Federico Bonani)


O diretor Jayme Monjardim, que chegou ao Rio Grande do Sul no dia 10 de março, está se dedicando exclusivamente aos detalhes do seu segundo longa-metragem, “O Tempo e o Vento”, produzido pela Nexus Cinema e Vídeo, co-produzido pela Globo Filmes e livremente adaptado da obra “O Continente” (1949), do escritor gaúcho Erico Verissimo.


“O Continente” é a primeira parte da trilogia de ficção sobre a formação do povo gaúcho, “O Tempo e o Vento”, composta, ainda, pelos livros “O Retrato” e “O Arquipélago”. O roteiro tem a assinatura do escritor e cineasta Tabajara Ruas e da escritora Letícia Wierzchowski, que trabalhou com Monjardim quando teve seu romance “A Casa das Sete Mulheres” adaptado por Maria Adelaide Amaral para a minissérie da Rede Globo, em 2003. O longa é uma produção de Nexus Cinema e Video, de Rita Buzzar, parceira de Monjardim no seu primeiro filme, “Olga”, co-produzido pela Panda Filmes (RS), de Beto Rodrigues, e Globo Filmes.

(Missa de abertura)


O filme também conta com estrelas internacionais na produção, como o diretor de fotografia Affonso Beato, um dos preferidos de Pedro Almodóvar, tendo trabalhado com ele em “Tudo Sobre Minha Mãe”, além da parceria com Stephen Frears em “A Rainha” e Mike Newell em “O Amor nos Tempos do Cólera”; e a maquiadora argentina Marisa Amenta, que assinou produções como “Abutres”, “Diários de Motocicleta” e “O Filho da Noiva”. No elenco também há nomes internacionais: o ator argentino Martín Rodriguez (do filme “O Quarto de Léo”) interpreta Pedro Missioneiro, e o uruguaio César Troncoso (“O Banheiro do Papa”) vive o Padre Alonso.

(Paixão Côrtes como consultor do filme)

A direção de arte é de Tiza Oliveira, que também trabalhou com Monjardim em “Olga” e tem 37 anos de Rede Globo no currículo. O figurino está a cargo do carnavalesco e figurinista Severo Luzardo Filho.

(Equipe e as provas)


As filmagens serão realizadas em Pelotas (26 de março a 5 de abril), Bagé e municípios vizinhos (6 de abril a 22 de maio), no Rio Grande do Sul, e Paulínia, em São Paulo (28 de maio a 17 de junho). A previsão de estreia nos cinema é para início de 2013. Seis meses depois de exibido nas salas de cinema, o filme será adaptado e apresentado pela Rede Globo como microssérie em quatro capítulos.


Elenco


Thiago Lacerda e Fernanda Montenegro ensaiam no casarão da Charqueada da Costa, em Pelotas (RS) (Foto: Divulgação / Federico Bonani)

O filme tem 115 atores no elenco e cerca de 2 mil figurantes, entre indígenas, cavaleiros, habitantes das Missões Jesuíticas e moradores da cidade cenográfica de Santa Fé. No elenco principal, destacam-se Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Cléo Pires, Suzana Pires, Luiz Carlos Vasconcelos, o argentino Martin Rodriguez, o uruguaio César Troncoso, Leonardo Machado, José de Abreu, Paulo Goulart, Leonardo Medeiros, Cacá Amaral, Marat Descartes, Vanessa Lóes, Mayana Moura, Igor Rickli e Rafael Cardoso.



Locações e Produção


Com amplo apoio das prefeituras locais, o filme será rodado, do final de março até o mês de junho, nas cidades de Pelotas, Bagé, Aceguá, Herval, Pinheiro Machado e Paulínia (SP). Em Bagé, no Parque do Gaúcho, está sendo construída a cidade cenográfica de Santa Fé, onde se passa a maior parte da história. As 17 edificações, construídas em uma área de 10 mil metros quadrados, ficarão de herança para a cidade, assim como dezenas de figurinos e objetos. Entre os detalhes curiosos da produção está a construção da grande figueira cenográfica, símbolo de Santa Fé. Todas as cenas de estúdio serão rodadas no pólo cinematográfico de Paulínia, interior de São Paulo.


O quarto de Bibiana (Fernanda Montenegro), no qual ela relembra os acontecimentos que marcaram gerações da família Terra Cambará, está sendo produzido dentro da Charqueada da Costa, em Pelotas. Nos últimos meses, Monjardim foi ao Rio Grande do Sul diversas vezes verificar locações e o andamento de detalhes como a caracterização das casas de Santa Fé e a produção de figurinos por comunidades de artesãs da cidade de Uruguaiana. A produção também tem garimpado objetos de época e entrevistado historiadores e estudiosos de música, armas e história gaúcha, além de personalidades da cultura local, como o folclorista Paixão Cortes e o historiador Moacyr Flores, entre outros.

(Cidade cenográfica sendo construída - Bagé/RS)

Os números da produção impressionam. Serão 90 dias de filmagens, que acontecerão em quatro cidades e 20 locações diferentes. Cem técnicos vindos do Sul do país, Rio de Janeiro e São Paulo, além de Buenos Aires e Estados Unidos, participam das filmagens.



A História

O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua opositora, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século XIX. Sob o ponto de vista da luta entre essas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola.

Além de ser uma notável história épica, plena de heróis como Capitão Rodrigo e o índio castelhano Pedro Missioneiro, “O Tempo e o Vento” é uma profunda discussão sobre o significado da existência, da resistência humana diante das guerras. Por isso, para a adaptação cinematográfica, foi tomado como estrutura central o olhar feminino da quase centenária Bibiana Terra Cambará – que será interpretada por Fernanda Montenegro. Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, ela se valerá de sua memória, sempre deflagrada em noites de vento, para lembrar e contar sua história e as de seus antepassados. E, assim, resistir ao tempo e protestar contra a morte.

Distribuidora: Downtown
Producão: Nexus Cinema e Video
Co-producão: Globo Filmes
Co-produção: Panda Filmes

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"Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. 
E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu!"
Érico Veríssimo

Valores...


...Nossos valores!!!

(Capurro)

Estivemos presente no rodeio de POA, juntamente com os bailes que houveram no mesmo, esse final de semana, revendo amigos, dos quais a noite da Cidade Baixa ultimamente tem evitado de possibilitar num convívio mais rotineiro, penando a profissão dos nossos amigos e companheiros músicos, além da cultura e da diversidade turística da qual tinhamos na mesma! 
Bom... o fato é outro, voltando ao assunto!..

Fico, e ficamos, apavorados de como o povo, erroneamente e despreparado culturalmente, tem em uma necessidade imensa de "interpretar" (não acho outra palavra mais adequada) o gaúcho como "caricato", como "bagualão", "pachola", deturpado e gritão! Muito gritão! Desculpem se alguma palavra originalmente não tem esse objetivo e aqui foi posto de forma exagerada e enfatizada, por mim! 
Mas é algo de nos fazer pensar e de nos apavorar!
Parece que com a bombacha vem um botão que faz ligar (ou desligar) GRITOS e "SAPUCAIS" aloprados e enlouquecidos, desprovidos totalmente de cultura e folclore de nosso lugar!

Recentemente estivemos, com amigos, numa das tantas visitas ao mestre Paixão Côrtes, do qual se mostrou profundamente preocupado e magoado com os mesmos atos, inseridos grotescamente não somente ao povo, mas inclusive na dança, na música e no nosso vestir! Faltam respeitos e CULTURA mesmo! Desculturados, foi o fato citado! Há de se pensar! A idéia de tudo é levar o GALPÃO para o mundo, e trazer o MUNDO para o galpão... sem nunca desvirtuar nossos paradigmas e personalidades!

Não sei se a distância, proporcionada pela cidade grande, longe das coisas mais simples e da vida mais arrastada do nossos ambientes de campanha e rurais, tem deixado as pessoas mais desabituadas com os verdadeiros valores que o RS prega e nos proporciona.. ou se o vestir de uma roupa, apenas para usos de finais de semana, e a bailes "nem tão gaúchos assim", provoca essa necessidade de tornar os mesmos gritões e pacholas (apenas, e ao exagero)... ou se ainda são necessidades normais das pessoas essas atitudes, de repente trabalhando com seus chefes ou clientes, agindo dessa mesma forma! ...não sei! E tento decifrá-las!
Mas sinto essa impressão, e de tão prejudicial que foi essa sensação, não tive mais do que apenas retribuir esse momento aos amigos, para refletir!
Não é a roupa que nos faz ou não ser gaúchos. Não é o lugar inserido ou onde se nasceu que diz se somos ou não gaúchos. Ser de cidade não é pecado. Ser "retrogrado" sim!!! ...mudar de personalidade de acordo com o que veste ou onde andas!!!
Nosso homem nasceu de VALORES... Nossa terra é de VALORES... Nosso "fio-de-bigode" provem de VALORES... Nossa mulher tem VALORES... Nossa música possui VALORES... Nossa roupa retrata VALORES... Nosso meio é de VALORES, apenas valores, uns somados aos outros, independente de onde se está inserido, de onde voce veio e de que roupa ou tipo de música gostas ou não! VALORES é o que devemos pregar, não CARICATURISMO, nos vendo como um ESTERIÓTIPO de PERSONAGEM do qual nunca esteve inserido em nossos ambientes. Obvio que um ou outro pode até ser mais despachado devido a personalidade natural da pessoa, ou história pessoal... mas mudar seu modo de ser ao vestir uma bombacha é algo que nossos VALORES não pregam, muito menos perpetuam! De traz de cada pessoa, que se diz respeitadora de nossa cultura, deve haver respeito e moral, como pregam nossos antigos e nossas famílias, para em vez de "peleadores", "fanfarrões" e "pacholas", sermos educados e educadores, levando os mesmos adiante, sempre!

RESPEITO por nossos VALORES!... tento pedir!

Abraços a todos!
Diego Müller


O ABC dos Valores

...que o
AMOR una as pessoas.
BONDADE seja constante em nós.
CONFIANÇA em Deus e no homem seja infinita e sem reservas
DIGNIDADE volte a ser valorizada.
ENTUSIASMO esteja presente em nossos atos e ninguém nos tire.
FELICIDADE renasça em cada coração, em cada lar.
GARRA de viver, viva em nós, destruindo a ganância.
HUMILDADE e honestidade possam ser constantes em nossa vivência.
IGUALDADE permaneça em nós, destruindo toda forma de preconceito.
JUVENTUDE, creia mais na vida e em sua força.
LIBERDADE seja vivida com responsabilidade.
MORALIDADE e os bons costumes nos cerquem sempre.
NOBREZA da alma esteja espelhada no olhar verdadeiro e não cínico.
OTIMISMO faça-nos cada dia mais fortes.
PAZ seja uma promessa de vida vivida em todos os momentos por todos os povos do planeta.
QUIETUDE mostre a presença de Deus.
RAZÃO seja mais uma vez seguida por todos.
SONHO nos faça renascer e brilhar como seres humanos.
TERNURA volte a encontrar morada no coração dos homens.
UNIÃO seja a força da vida e não da morte.
VERDADE esteja em nossos lábios todos os dias.
Xis da questão: sejamos nós construtores de um mundo melhor e mais fraterno.
ZELE pelo teu “eu” e serás a cada dia um pouco melhor.

de Nadir Maria Malacarne
Cuiabá - MT

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(Eleodoro Marenco com sua Noiva - Argentina)

"Algumas pessoas, de tão pouco valor que tem, só possuem dinheiro em sua vida...
Pois, infelizmente, umas possuem valores e outras apenas preço!"
(Autor desconhecido)

sexta-feira, 23 de março de 2012

Comprometimento...



...RESPEITO e RESPONSABILIDADE!

O conhecimento não é estanque e nunca foi... 
...por nada que nosso meio é chamado de MOVIMENTO! 
As pessoas devem se dar conta deste fato. Nossa cultura não é apenas e muito menos somente ser vivido de passado. Todos os modos de aprendizado se somam, chegando em um denominador comum, do qual agrega e muito ao nosso conhecimento. Falando em folclore, a análise não é somente passada ou única, e muito menos estanque (o que seria um pecado enorme e errôneo - consultem etnologia das palavra PESQUISA, por exemplo), onde se tem que ter o maior cuidado (e a humildade de ver e rever os itens constantemente) para não passar "enganos" ou "mentiras" ao nosso povo, ou devolve-los. É algo de extrema responsabilidade para se analisar rapidamente e devolver incompleta a todos. Estar preso a somente um fato é prejudicial a todo um conhecimento e um contexto enorme, da qual o pessoal só se fixam em musicas, danças e pilchas! Elementos mínimos de um todo da qual tem muito mais importância: um todo que gerou os itens citados! ...Personalidade e valores se joga fora, pois não esta em notas de concursos ou em itens de planilhas! Não interessa! Análises e conclusões folclóricas e de povo não possuem prazos de validade, da mesma maneira como tudo o que escutamos, lemos e revemos agora é mais maduro do que o mesmo acontecido há tempos passados. Folclore não é estanque, e elementos se agrupam, chegando cada vez mais perto de um "fim", que esperamos NUNCA SER UM FIM! Quero aprender sempre. Não quero um manual, com normas prontas. Quero raciocinar e pensar. Evoluir o intelecto. Infelizmente as pessoas preferem MANUAIS ao CONHECIMENTO... Que mundo é esse? ...onde se privam do maior dom que Deus regalou a um homem, que é o pensar. O corpo enfraquece, a cabeça evolui! Devemos pensar com responsabilidade, com análise e com humildade de melhorar sempre. Folclore não é para se ter regras, muito menos para concorrer: é para ser sentido, dentro de elementos que o CARACTERIZAM (responsavelmente)! Regras erroneamente é o caminho mais fácil... e ao menos tempo o que menos ensina! Reflitam, já que os mais velhos estão ai para nos ensinar e para serem RESPEITADOS, acima de tudo!

Pessoal, por favor:
COMPROMETIMENTO, RESPEITO e RESPONSABILIDADE!

" Lo que no debemos olvidar és que, en los más antiguos tiempos,música, danza o baile y canto, eran una misma cosa, constituían una unidade, así lo siguen siendo en muchas culturas y así lo fueron em nuestro medio campesino durante mucho tiempo!"
Fernando Assumpção


(Foto de Emílio Pedroso)

"É oportuno lembrar que todo professor, ao ensinar uma dança, não deve ater-se somente aos fundamentos coreográficos e musicais, mas também transmitir elementos que sejam capazes de enriquecer culturalmente aqueles que se destinam... Muita gente dança, mas nem todos a sentem folcloricamente: Folclore é alma. Folclore é coração. É bom que se diga em alto tom: Tradicionalismo não é só dança. Chegar...á o momento – e nisto temos confiança absoluta – em que nosso povo, inclusive aqueles que integram entidades tradicionalistas, abandonará a impressão, hoje generalizada, de que somente aquele que estiver em traje típico é gaúcho e que só assim poderá dançar os motivos folclóricos riograndenses. Ai, então, estaremos diante de uma verdadeira consciência folclórica tradicionalista, vivendo as festas da querência, onde os participantes não terão a obrigação de se exibirem em trajes característicos (inclusive “fardados”) nem a preocupação exclusiva de apresentarem espetáculos ou “shows”!" 
João Carlos D´Ávila PAIXÃO CÔRTES



O dançar é uma ARTE e não uma ação matemática, mecanizada, robotizada, de "ordem unida" militarizante... de "não poder fazer isto", "não poder fazer aquilo", "tira ponto aqui, desconta ali", nivelando por baixo, pelo negativo a qualidade do motivo temático. Isto não é dançar e nem ARTE; é mediocridade... A ALMA do povo se sente e não se dimensiona sua inspiração gestual com inimagináveis "regras", ou com sistema métrico, em centímetros... O importante é REALMENTE interpretar a dança e não querer "medir" sentimentos!!!...
João Carlos D´Ávila PAIXÃO CÔRTES 


"Existe grande incompreensão, como se a cultura popular fosse obrigada a ter um elitismo, uma erudição para ter o seu valor. O povo também tem o direito de escolher, e não alguém a pretensão de impor a ele o que acha ser o direito, ser o melhor. E este é um ponto de vista conflitante com os críticos de música que acham letras notáveis, belas e extraordinárias... mas que o povo não canta!!! 
..Afinal, tem de haver música (nativista ou não) ao gosto da CULTURA de cada um!
...ou será que esse grupo humano (mais simples e rural) não faz parte da grande sociedade? Vamos roubar-lhe a liberdade de MANIFESTAÇÃO ESPONTÂNEA, do que lhe agrada, o que lhe toca mais de perto, no seu interior, dentro do mundo sócio-econômico cultural em que vive? 
...Acreditamos existir, muita boa música gaúcha para ser escutada. Talvez o problema é saber descobri-la, avaliá-la e VALORIZÁ-LA!!!"
João Carlos D´Ávila PAIXÃO CÔRTES 

(Pesquisador, referência de cultura gaúcha, escritor, engenheiro agronomo aposentado, ex-presidente por 10 anos consecutivos da ardem dos músicos do RS, e cantor folclórico com 10 discos gravados, recebendo o prêmio de MELHOR CANTOR DE FOLCLÓRE DO BRASIL, no ano de 1964)


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Até maio estaremos participando de alguns eventos importantes para a divulgação da nossa cultura!

* Mangruyando - Chamarrita 
(L: Diego Muller/M: Miguel Dario Diaz) 
* Uma rima pra o azar - Rancheira 
(L: João Sampaio/Diego Muller/Severino Rudes Moreira/M: Sérgio Rosa)
No V Canto missioneiro, em Santo Ângelo... 
29, 30,31 de março e 1º de abril de 2012!!!

* Armada - Milonga 
(L: Alex Cabral/Diego Muller/Rafael Ferreira/M: Marcelinho de Carvalho)
Na 10ª Sentinela da canção, de Caçapava do Sul... 
nos dias 13, 14 e 15 de abril de 2014!!!

* Soy el bailarín... y el del chamamé - Chamamé 
(L: Leonardo Borges/Diego Muller/M: Daniel Cavalheiro)
No 12º Um Canto Para Martin Fierro - Santana do Livramento/RS... 
nos dias 17, 18 E 19 de maio de 2012!!!

* Festival da Barranca e o show Uma noite na Barranca - São Borja/RS

Suerte y abrazos chamigos!!!

(Neco e Diego Muller, em Canoas/RS)

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(Ferrer Dalmau)


"O folclore cria e fala sobre uma identidade relativo a uma região.A beleza da cultura popular de um povo poderá ser encontrada em seu folclore ou até resumida no mesmo. Para conhecer um povo conheça seu folclore também, pode descobrir muito sobre aquela nação. O folclore traz encanto, liberdade, cultura, lazer entre outras coisas que poderam ser admiradas por qualquer povo no mundo. Feliz a criança em que conhece seu folclore e o leia poderá entender muito mais sobre si mesma e as tendências de um povo. O folclore é inerente a história e a história é inerente a você logo o folclore pertence a você também. tenha respeito pelo folclore!"
(Autor desconhecido - porém muito sábio)

quarta-feira, 21 de março de 2012

O tempo e o vento...

...O filme!



A trilogia O Tempo e o Vento, do escritor brasileiro Erico Verissimo, é considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil. Dividido em O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962), o romance representa a história do estado gaúcho, de 1680 até 1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias Terra e Cambará.

(Érico Verissimo)

Na segunda-feira passada, dia 12 de março, estivemos em BAGÉ, onde participamos, com colegas da dança e da música, da uma reunião e de um bate-papo informal junto aos produtores, diretores e equipe técnica do longa metragem O TEMPO E O VENTO. Juntos estivemos bailando, tocando, cantando, proseando, charlando, estreitando laços culturais... agregando conhecimentos mútuos!
Estaremos participando das filmagens no mês de Abril e Maio, fazendo uma ponta dançando no casamento de Rodrigo e Bibiana, oportunidade esta sendo indicado pelo meu grande amigo, homônimo,  e parceiro de poesias, DIEGO MÜLLER (o cineastra! - Diego Goulart Müller), onde na ORQUESTRA CAMPEIRA que tocará a grande festa debaixo da Figueira central do povoado de Santa-fé estarão grandes amigos e parceiros. Conosco nesta comitiva estavam meus pais, Roberto e Iara Müller e a Francine e o Marcos Barbosa, integrantes da Invernada veterana Os Caudilhos, do CTG Brazão do Rio Grande, de Canoas/RS. Juntos outros grandes amigos, ÉRLON PÉRICLES, ZELITO RAMOS, PIRISCA GRECCO, SHANA MULLER e PAULINHO GOULART... Lá conhecemos ALEXANDRE GUERRA, produtor musical do filme que colheu imagens e sons para compor a trilha e a cena do baile, levando muito material para São Paulo, para fazer este trabalho. Também estivemos com o renomado diretor JAIME MONJARDIM, presente na reunião, diretor do filme, ajustando todos os detalhes. Mais tarde, um sarau poético musical se estabeleceu no PARQUE DO GAÚCHO, onde podemos conhecer as construções da vila de Santa-fé e seu casario, junto a um belo assado, onde estreitamos os laços de amizade com toda a equipe, que ouviu atentamente muitos de nossos artistas a exemplo dos já citados e de GUILHERME COLLARES, LISANDRO AMARAL, BETO BORGES E RICARDO COMASSETO!
Baita noite e baita clima... onde o filme começou bem, levando esse clima em breve ás telas de todo o mundo!

Valeu gurizada, meus amigos, e valeu Diego Müller (Macaco!)!...

(Roda musical e o nosso folclóre para Alexandre Guerra)



O tempo e o vento
Monjardim acerta últimos detalhes para gravação

(Reunião)

A dinâmica de trabalho não dá brechas e o diretor do longa-metragem O tempo e o vento não perde corre para acertar os últimos detalhes das gravações da obra do escritor gaúcho Erico Verissimo, previstas para o dia 26, em Pelotas. 
No sul do Estado desde o final de semana, Jayme Monjardim busca em Bagé elementos existentes à época para que a obra seja a mais fiel possível às memórias de Bibiana Terra Cambará, personagem marcante de uma história épica, que trata da formação do Estado gaúcho.
Na nova terra de Santa Fé, o cineasta esteve reunido com as equipes de direção, elenco, produção, arte e cenografia, cerca de 30 profissionais. O tempo e o vento deve entrar no circuito nacional em 2013 e a exibição da minissérie da obra está prevista para 2014.
(Fonte: Diário popular - Pelotas/RS - http://www.diariopopular.com.br)



(Zelito Ramos, Erlon Péricles e Jayme Monjardin)


O Continente
(Érico Verissimo, retratado por André Koehne)

O título que Erico deu inicialmente à sua trilogia era O Vento e o Tempo e assim permaneceu quando os originais foram mandados para impressão na Editora Globo. Somente quando já estava para ser lançada a primeira edição, é que o título foi invertido.

A primeira parte de O Tempo e o Vento foi publicada em Porto Alegre no ano de 1949 e narra a formação do Estado do Rio Grande do Sul através das famílias Terra, Cambará, Caré e Amaral. O ponto de partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o índio Pedro Missioneiro, que depois de presenciar as lutas de Sepé Tiaraju através de visões e ver os portugueses e espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana Terra, filha dos paulistas de Sorocaba Henriqueta e Maneco Terra, este filho de um tropeiro (Juca Terra) que ficou encantado com o Rio Grande de São Pedro ao atravessá-lo para comerciar mulas na Colônia do Sacramento e que obtém uma sesmaria na região do Rio Pardo.
Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro. Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam pai e irmãos da moça e a violentam, mas ela conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha. Partem para Santa Fé, onde se passará o resto da ação de O Tempo e o Vento. Lá Pedro Terra cresce e tem uma filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará. Ana Terra e o capitão Rodrigo são até hoje considerados dois arquetipos da literatura brasileira.
Os sete capítulos de O continente (A Fonte, Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo, A Teiniaguá, A Guerra, Ismália Caré e O Sobrado) podem ser lidos de diversas formas. Uma delas é a história da formação da elite rio-grandense, que culminará na Revolução Federalista de 1893/95. As lutas pela terra, as guerras internas (Farroupilha, Federalista) e externas (Guerra do Paraguai, Guerra contra Rosas) marcam definitivamente a vida e a personalidade daqueles gaúchos e ecoam de forma muito forte ainda hoje na identidade do Rio Grande do Sul.
Do ponto de vista histórico-literário, O continente está inserido no chamado Romance de 30, obras de cunha neo-realista que aliam a descrição denunciante do Realismo às investigações psicológicas das personagens e liberdades lingüísticas do narrador, frutos do Modernismo. Assim como O continente, muitas dessas obras são de cunho regionalista.
Os dois volumes de O continente são os mais lidos e conhecidos da trilogia. Parte de seu conteúdo teve adaptações para o cinema e a televisão. O sucesso do personagem Capitão Rodrigo nas telas levou a Editora Globo a publicar em separado o capítulo da obra a ele dedicado, Um certo Capitão Rodrigo.

Ismália Caré
"Ismália Caré" é a última das grandes narrativas inteiriças que compõem O Continente. É, de certa forma, o elo que liga todas as outras narrativas que seguiam a história da família Terra-Cambará desde o século XVIII (A Fonte, Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo, A Teiniaguá e A Guerra) com O Sobrado, a grande narrativa fragmentada que envolve todas as outras ao longo de O Continente, e que é o clímax da história.
Nela revemos várias personagens presentes nas narrativas anteriores, como Bibiana, Licurgo, Carl Winter, Florêncio, Bento Amaral e outras. Como a narrativa anterior (A Guerra), Ismália Caré não apresenta um enredo com fatos marcantes; apresenta, em contraparte, a evolução das personagens que o leitor acompanhava. Santa Fé é elevada ao status de cidade. Luzia morreu, deixando a educação de Licurgo e o controle do Sobrado à sua odiada sogra, Bibiana (cumprindo assim, o desejo da outra). Licurgo já é um homem completamente formado, e está prestes a casar com sua prima Alice, filha de Florêncio, que só recentemente reatara relações com o povo do Sobrado.
Por influência do grande amigo Toríbio Rezende, Licurgo funda um clube republicano em Santa Fé, e adere fervorosamente ao movimento abolicionista, libertando seus escravos:

O convívio com Toríbio Rezende, a leitura dos artigos que Júlio de Castilhos publicava na imprensa atacando o império e fazendo a propaganda a abolição e da república - tudo isso tinha feito Licurgo Cambará um republicano e um abolicionista.

Sua nova posição política intensifica ainda mais sua rixa contra a família Amaral. Sabemos pela narrativa de O Sobrado que Licurgo será eleito intendente de Santa Fé por voto livre, e que suas relações com o governo é que atrairão o ataque dos magaratos a sua residência.

Título: O título faz referência à amante que Licurgo tinha antes do casamento, e que era fonte de conflito com sua avó, que desejava que o neto abandonasse a jovem para não prejudicar o compromisso. Curiosamente, a personagem em si (apesar de mencionada a todo momento) só aparece em pessoa ao final da narrativa.

O Retrato
A história se passa em Santa Fé no início do século XX, então iniciando timidamente seu processo de urbanização, ainda marcada pela cultura rural.

"Naquela tarde de princípios de novembro, o sueste que soprava sob os céus de Santa Fé punha inquietos os cata-ventos, as pandorgas, as nuvens e as gentes: fazia bater portas e janelas: arrebatava de cordas e cercas as roupas postas a secar nos quintais: erguia as saias das mulheres, desmanchava-lhes os cabelos: arremessava no ar o cisco e a poeira das ruas, dando à atmosfera uma certa aspereza e um agourento arrepio de fim de mundo.
Por volta das três horas, um funcionário da Prefeitura assomou à janela da repartição e olhou por um instante para as árvores agitadas da praça, exclamando: "Ooô tempinho brabo!"
Num quintal próximo, recolhendo às tontas as roupas que o vento arrancara do coradouro e espalhara pelo chão, uma doma de casa resmungava: " É para um vivente ficar fora do juízo!"(...)
— O Tempo e o Vento/O Retrato.

Toda a história é marcada pelo contraste entre o Dr. Rodrigo Cambará, homônimo do capitão, homem da cidade, de um lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo, de outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão Toríbio.
O próprio Dr. Rodrigo é um personagem marcado pelos contrastes. Formado em Medicina, adquiriu em Porto Alegre, onde estudou, o gosto por uma vida sofisticada. Ao chegar a Santa Fé, vestia ternos elegantes, trazia na bagagem iguarias e vinhos franceses e um gramofone e na mente projetos de vida grandiosos. Mas frequentemente esse verniz se rompia e se revelava o típico macho gaúcho, com acessos de violência e de um incontido desejo sexual.
O homem confiante e superior que se julgava vai, então, cedendo aos poucos o lugar para o homem amoral em que acaba se transformando. Erico explora bem esse contraste ao fazer recorrentes comprarações entre o retrato, pendurado nas paredes do Sobrado, que fixa o Dr. Rodrigo idealizado por si mesmo no seu apogeu, e o homem em que ele vai se transformando.
Os grandes acontecimentos do século passam ao longe, chegam pelo telégrafo e pelos jornais, e pouco influem na vida das pessoas, a não ser como motivo de discussões políticas e filosóficas. Ao contrário de O continente, onde os personagens são protagonistas da História, aqui eles são espectadores desinteressados.

O Arquipélago
A última parte da trilogia foi lançada onze anos após O Retrato, quando os meios literários já não mais esperavam a continuação de O Tempo e o Vento, devido à frágil saúde de Erico, convalescente de um ataque cardíaco.
Aqui, parte da ação transcorre no Rio de Janeiro, então a capital do país, com o Dr. Rodrigo Cambará eleito deputado federal. Assim, os personagens principais não são mais espectadores dos fatos nacionais, mas participam diretamente deles. Ao longo do romance, aparecem vários personagens reais, como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Luís Carlos Prestes, que contracenam com os personagens criados pelo autor. Isso confere à história uma dinâmica especial.
Novamente, no seio da família Cambará, desenrolam-se as contradições de uma época marcada por uma radical revolução de costumes, sob a influência do cinema americano. Na família Cambará e suas relações, há desde comunistas a oportunistas. No meio deles, assumindo uma postura crítica e não engajada, aparece Floriano, alter ego do próprio Erico.
O autor inova ainda ao introduzir um capítulo narrado por uma personagem feminina, Sílvia, que apresenta os personagens de O Arquipélago sob um ângulo diferente.

Mulheres fortes
Os personagens masculinos de O Tempo e o Vento, principalmente em O Continente, revelam a imagem que geralmente se faz do homem gaúcho, valente e machista. Mas realmente fortes, principalmente no sofrimento, são as personagens femininas de Erico, tipos antológicos como Ana Terra, Bibiana e Maria Valéria.
Isso reflete a história pessoal de Erico, que sofreu com a separação traumática dos pais ainda na adolescência, numa época em que a separação de casais era inaceitável. Erico narra em suas memórias (Solo de Clarineta) a coragem da mãe em tomar a iniciativa da separação e como o pai abandonara a administração de sua farmácia para viver nos bares e bordéis.
A perseverança da mãe, que trabalhava como costureira para sustentar Erico e seu irmão Ênio, foi certamente sua inspiração na criação dessas mulheres fortes.

(O tempo e o vento - Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcellos)


Érico Lopes Veríssimo 

Foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX

De família abastada que se arruinou, Érico Veríssimo era filho do farmacêutico Sebastião Veríssimo da Fonseca (1880-1935) e da dona de casa Abegahy Lopes (dita "dona Bega"). Tinha um irmão mais novo, Ênio (1907), e uma irmã adotiva, Maria. Quando tinha quatro anos de idade, Érico Veríssimo ficou gravemente doente e, após ser levado a vários médicos, foi finalmente diagnosticado com meningite complicada com broncopneumonia pelo médico Olinto de Oliveira, cujo tratamento salvou sua vida. Durante sua infância, estudou no Colégio Venâncio Aires, em Cruz Alta, onde foi um aluno comportado e quieto, frequentava o cinema e observava o pai trabalhando. Por volta de 1914, com quase dez anos, Érico criou uma "revista", Caricatura, na qual fazia desenhos e escrevia pequenas notas.

Aos treze anos, Érico já lia autores nacionais, como Aluísio Azevedo e Joaquim Manoel de Macedo, e estrangeiros, como Walter Scott, Émile Zola e Fiódor Dostoiévski. Em 1920, ele foi matriculado no extinto Colégio Cruzeiro do Sul (hoje Colégio IPA), um internato de orientação protestante de Porto Alegre, deixando sua namorada Vânia em Cruz Alta. No novo colégio, Veríssimo foi por muito tempo o primeiro de sua classe, embora tivesse aversão à matemática. Em seu último ano letivo, o jovem Érico chegou a sofrer de claustrofobia e de pesadelos.Em dezembro de 1922, terminados os estudos de Veríssimo, seus pais se separaram; as diferenças do casal eram notáveis: Sebastião era um homem gastador e mulherengo e dona Bega, uma mulher econômica e mais reclusa. Érico, sua mãe e seus irmãos passaram então a morar na casa dos avós maternos. Deprimido e endividado, o pai perdeu a propriedade da farmácia. No ano seguinte, Érico empregou-se como balconista no armazém do tio Américo Lopes e, depois, no Banco Nacional do Comércio. Durante esse tempo, transcrevia obras de Euclides da Cunha e de Machado de Assis, dentre outros escritores, e tomou gosto pela música lírica. Também aprofundou mais ainda a leitura de escritores nacionais e estrangeiros.Em 1924, para que o irmão Ênio pudesse frequentar o ginásio, a família mudou-se para a capital gaúcha, mas retornou a Cruz Alta após um ano de extrema dificuldade financeira. Em 1926, Érico se tornou sócio da Farmácia Central, junto com um amigo de seu pai, mas o novo empreendimento faliu em 1930, deixando uma dívida que só conseguiria liquidar dezessete anos depois. Além de farmacêutico, Érico também trabalhou como professor de literatura e língua inglesa à época.
Em 1927, Veríssimo conheceu sua futura esposa, Mafalda Halfen Volpe, então com quinze anos, e os dois ficaram noivos em 1929. Nesse mesmo ano, publicou-se o primeiro texto de Veríssimo:Chico: um Conto de Natal, na revista mensal "Cruz Alta em Revista". Em seguida, seu amigo Manuelito de Ornelas enviou os contos Ladrão de Gado e A Tragédia dum Homem Gordo à revista do Globo. E o jornal Correio do Povo publicou o conto A Lâmpada Mágica.

(Autor: Tom Jobim)

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"O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença...
Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente!"
Érico Veríssimo

segunda-feira, 19 de março de 2012

Guerra gaucha...


(Eliezer Tadeu Dias de Souza)

Sexta-feira 
 (Balbino Marques da Rocha) 

O dia clareou nublado, 
E foi quebrando a esperança 
De que à noite houvesse dança 
Porque o toldo ia molhar... 
Mas Deus maneja o baralho, 
Cada bugio no seu galho, 
Cada sota em seu lugar! 

Quando o destino é tirano 
Não adianta cara feia, 
Deus é quem passa a maneia 
E quem nos solta da estaca... 
Até se fica descrente, 
Pois que não manda um vivente 
Em meia dúzia de vaca! 

Porém, ventou pela tarde 
E á noite parou lindaça, 
Ia haver dança e cachaça, 
Era uma cousa tamanha... 
China engomava o topete... 
Moçada pegava flete... 
Velhada engraxava aranha! 

O toldo era na venda 
Pra diante do Bom Retiro... 
Mas eu nem mais me admiro 
De tudo que se vai dando, 
Nossa Senhora me guarde, 
Era três horas da tarde, 
Já tinha gente dançando! 

Com a noite ficou florido 
O toldo, pelo chinedo... 
E o dichote e o brinquedo, 
Sem malícia e sem resguardo, 
Se via bota, alpargata, 
Negro enroscando mulata, 
Morena cinchando pardo! 

Berro, era cousa maldita: 
Cada qual dava mais alto... 
Quando quebrava algum salto 
Se botava o pé no chão... 
Chou-égua por pouca “coza”, 
Gambá não vira raposa, 
Nem padre enleia o sermão! 

Quando foi lá pelas tantas 
Um mulatinho garboso, 
Pala enredado e lustroso, 
Num gesto mui parecido, 
Disse ao pardo, que de novo, 
Ao pedido ali do povo, 
Desse o tirão prometido! 

Veio uma banca de couro 
E um dedo de amopatia... 
O índio até se perdia 
Com tanto olhar de respeito, 
E abrindo a gaita faceiro, 
Cantou baixinho primeiro, 
A ver como andava o peito! 

Depois de alguns repiniques, 
Foi dizendo: meus amigos 
Quando enxerguei os perigos, 
Nunca tive tanta glória 
Nem me enredei nas chilenas, 
Mas tonto, salvo as morenas, 
Ao repisar minha história!

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La guerra gaucha

Com o nome de guerra gaucha conhece-se a luta de milícias e guerrilhas levado adiante no noroeste argentino e extremo sul de Bolívia, durante a Guerra de Independência Hispanoamericana (1809-1824), particularmente nas províncias de Jujuy e Salta, comandadas pelo general Martín Miguel de Güemes contra o exércitos realistas, durante o período compreendido entre 1814 e 1825. Isto é, que continuou após sua morte, sucedida em 1821.


Foi uma longa série de confrontos quase diários; em sua maioria, curtos tiroteios seguidos de retiradas. Nessas condições, umas forças pouco disciplinadas e mal equipadas, mas apoiadas pela população, podiam fazer muito dano a um exército regular de invasão.


A gesta militar ficaria registrada na história pelo escritor Leopoldo Lugones no livro chamado A Guerra Gaucha. Pela região em que se desenvolveu e suas características irregulares, a Guerra Gaucha está emparentada com a guerra de republiquetas, desenvolvida no Alto Peru (hoje Bolívia).








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(Francisco Madero Marenco - Pintor costumbrista - Argentina)


"A demagogia é a capacidade de vestir as idéias menores com palavras maiores!"

"O segredo do demagogo é de se fazer passar por tão estúpido quanto a sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele!"

sábado, 17 de março de 2012

Pa´usted...


José Larralde...


José Larralde... nació un 22 de octubre de 1937 en Huanguelén, Provincia de Buenos Aires - Argentina
Escribió sus primeros versos a los siete años de edad, iniciando así un camino vasto y fecundo que lo llevaría inexorablemente al corazón de los Argentinos. Descendiente de vascos y árabes, don José ha sido trabajador rural, tractorista, albañil, mecánico, soldador y, como él mismo se define, guitarrero y cantor.

Vivió frente a la casa de don José Dip y allí escuchaba continuamente a Jorge Cafrune. 
Un día le pidió a don José Dip que le presentara a Jorge Cafrune. Durante una noche de 1966, en un asado en casa de don Eduardo Saad , tío de Larralde, don José Dip le dice que allí le presentará a Jorge Cafrune.
Allí, José le pasa a Jorge los temas que había compuesto, el último de los cuales, era "Sin pique". Luego de escuchar la interpretación de Larralde de "Sin Pique", Cafrune quedo prendado del tema y le pide a don José Dip que al día siguiente llamara a Hernán Figueroa Reyes, director de grabaciones de CBS, porque quería grabarlo en esa semana. Hernán le dice a don José Dip que ello es imposible porque estaba listo para salir el LP "Yo digo lo que siento". Pese a todo, Jorge se empecina y lo graba enseguida. Conjuntamente con "Permiso", "Sin Pique" apareció en el siguiente LP de Jorge, titulado "Jorge Cafrune" (CBS 8745), en 1967.

Veinte días después, Cafrune regresa a Huanguelén pues tenía que actuar en una localidad cercana, muy pequeña, llamada Girodías. Jorge hizo invitar a "Pepe" Larralde para que le acompañe. 
En aquella oportunidad, Cafrune interpretó 3 temas, presentó a Larralde y ya no cantó más. Toda la noche quien cantó' fue Larralde. Desde entonces, en todas sus actuaciones, Cafrune siempre mencionaba "a un chango de Huanguelén", promocionando a Larralde.
En el año 1967, José Larralde grabó el primero, de una serie de treinta y un discos editados en la Argentina. Su intensa actividad discográfica sufrió interrupciones sobre todo por el contenido crítico de la mayoría de sus canciones. En todas ellas, están presentes las vivencias de oficios, situaciones y personajes que conoció y vivió a lo largo de su vida. Personalmente, además, ejercicio las más diversas ocupaciones en el medio rural. A sus versos, tal vez por desconocimiento del medio geográfico y social en que nació y creció, suele endilgárseles cierto hermetismo y rebuscamiento.


No obstante ello, si se analiza globalmente toda su producción, es fácil entender el porqué de la adhesión y fidelidad del público. Este quizás, valorice el desprecio del intérprete hacia la maquinaria comercial que, las mayoría de las veces, ha sido principal causante del bastardeo y desvirtuación del género.

En efecto, Larralde, desde hace años, desarrolla su labor artística lejos de los circuitos comerciales masivos de festivales y casi sin apoyo promocional y publicitarios de las grandes empresas de comunicación. Ello no le impidió, no le impide, ni le impedirá seguir concitando la atención y el apoyo de nutridos núcleos de seguidores en cada uno de sus recitales.
Su canto trascendió nuestras fronteras para llegar a países como Alemania, Australia, México, Brasil, Colombia, Venezuela, Uruguay, Paraguay, Chile y España entre otros. Como dato elocuente de su popularidad, baste decir que las ventas de sus discos han superado largamente los doce millones de unidades y que su obra más popular "HERENCIA PA´ UN HIJO GAUCHO", lleva vendidas, ya, más de cinco millones de placas.

Fue uno de los pioneros en difundir los loncomeos y cordilleranos de origen y ambientación patagónica recopilados y/o compuestos por los hermanos Berbel. Ocasionalmente abordó canciones del Litoral y Cuyo, o rescató viejos valses criollos como "Temblando" (Alberto Acuña - Gualberto Márquez "Charrúa"); "Cardo" (Pedro Noda - Enrique Uzal).
Recientemente lo han reivindicado, como modelo, algunos músicos del rock pesado local, en particular Ricardo Iorio, ex líder del grupo Hermética.


En 1995 se le otorgó el premio Konex al mejor cantante masculino de música de raíz folklórica, y en 1995 y 1996 obtuvo sendos premios ACE (Asociación de Cronistas del Espectáculo).
Como compositor, tiene en su haber mas de seiscientas obras, trescientas de las cuales no han sido editadas hasta el momento.
Cantor orillero, tal como él gusta que le llamen, exhibe hoy una trayectoria tan notable como digna, pues se ha alejado voluntariamente del consumismo perverso tan característico de nuestra sociedad. Sin embargo, y a pesar de ello, su gente no lo olvida. Así lo demuestran la concurrencia a cada una de sus presentaciones y las sostenidas ventas de sus discos. Su éxito artístico esta bien sustentado en la auténtica y sincera expresión campera tanto como por el permanente testimonio que ha dado, a lo largo de toda su obra, de sus convicciones.

En 30 años, José Larralde, ha forjado una mística acaso única en el folklore argentino. Su clara y potente voz y su estampa de patriarca contrastan respecto de su obra, que siempre recurre sólo a lo imprescindible para mostrar las cosas más comunes de la vida cotidiana.

Larralde dice sus verdades (dice verdades), y las dice con una convicción tal que las mismas trocan en universales. Canciones como "A las once menos cuarto", "Patagonia", "Y otras cosas fuleras" o sus monólogos, que regala entre tema y tema, muestran un Larralde sagaz, agudo y atento observador de la realidad del hábitat circundante. Pero Larralde no se queda allí, también es testimonial (muy testimonial), cuando arremete denunciando las desigualdades entre pobres y ricos, entre peones y patrones o entre los "todopoderosos" señores instruidos de la ciudad y los, aún hoy, desprotegidos trabajadores rurales.


Capaz de cantarle una bella despedida al cigarrillo (o al mate) como narrar poéticamente la envidia del pájaro preso ante la algarabía de los gorriones libres, Larralde observa, escribe y canta aquellas cosas que, en la premura por "vivir" lo nuestro, pasamos por alto.
Allí, en sus canciones y en su poesía de neta y auténtica raigambre campera, está el secreto de este autor de obras que recorren el país de punta a punta dejando, en cada pueblo, un poco del hombre que les dio vida.
José Larralde es, hoy en día, el único compositor del folklore nacional capaz de mostrar bellamente la esencia del hombre de nuestras llanuras.

(José Larralde)

Pa' Usted...

Pa usted, señor,
pa usted que sabe tanto,
pa usted que cuando
llega a una fiesta,
de esas fiestas
gloriosas de mi tierra,
o simplemente
una doma que le llaman,
que de doma
no tiene nada,
porque el que sabe
le llama jineteada.

Pa usted, pa usted
y pa muchos que
pa probar a un criollo,
quieren hacerlo
al volcao de una pialada,
o al vellaquear
de un mancarrón mañero
acostumbrado a que
el hombre clave guampas.

A usted quiero
clararle la mirada.
Le voy a decir nomás
de cosas que conozco,
de lo que me han contado,
no diré nada.
Pa que vea que no
me voy del zurco
pa esquivar el cueverío
y la vizcachada.

Y le voy a contar
de tiempos de ahora,
no de aquellos tiempos
que habrá pasado mi tata.

Allá en mi pago,
está el que se le sienta la potrada,
y está el que piala,
y el que arrea,
y el que marca,
y el que en un tu
se deja el apellido,
y el que con tientos
teje una esperanza.
Gente que el tiempo
no logrará borrarla,
porque son hombres
puntales de mi patria.

Pero en mi pago,
en mi pago también
está el que alambra,
y sin saber
tal vez montar un flete
monta la pala mocha,
la barreta, hace maneas,
california y sangra.
Ese, también es criollo, compañero.

También está el varón
que haciendo hilacha
va pechando
una tropa leñatera.
Novillada de piquillin caldenes
con un pingo al que le llaman
hacha!, ese,
también es criollo compañero.

Y hay otros que aguantan vellaqueadas,
y en el tuse de una melga bien cortada,
dejan marcas con letras de semilla,
en las noches de fría tracteorada,
esos, esos también son criollos, compañero.

Y está el que corta el yuyo,
y el que ordeña, y el que esquila,
y el que cura, y el que baña.

El que a fragua y vigor
ni anutria el nervio,
el que ama,
el que aprende, el que enseña.

Por oficio, por oficio
hay miles pa nombrarle,
y van todos trenzados
con el criollismo.
No pretenda buscarle diferencias,
unifique, es ley de patriotismo.

Es por eso
que quiero que comprenda,
ciertas cosas
a veces duelen fiero,
yo no pialo,
pero he clavado la reja,
y soy criollo lo mesmo
que el que muenta.

Y sepa señor,
que no digo lo que digo
porque soy maestro
o porque me sobra ciencia.

Lo mesmo es criollo
el que puntea la tierra,
que el que hace
un libro con criolla conciencia.
Orgullo limpio de ser argentino,
orgullo macho de honor y decencia.

Por eso señor,
pa saber le falta saber
lo que es prudencia,
y pa aprender señor,
le sobra... si tiene vergüenza...


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(Jayme Caetano Braun, Glenio Fagundes e Marco Aurélio Campos e Paulo Fagundes)

Para Que Tu Saibas...
Tradução e adaptação de Marco Aurélio Campos; 
do poema "P' A Usted", de José Larralde

Para ti meu patrício 
Simplesmente para ti, 
que sabe, ou pensa saber tudo. 
Para ti! Especialmente... 
que gosta de ir a uma festa campeira. 
Que é uma festa gaúcha, 
das mais gloriosas festas do meu Pago, 
tipicamente crioula, 
ou simplesmente uma doma, 
como tu a chamas, 
e que de doma parceiro, 
não tem nada, porque para quem sabe, 
o nome é gineteada. 

Pois bem... 
Para ti. Para ti e para tantos outros, 
que para testar um gaúcho, como prova 
querem fazê-lo sempre usando um laço, 
para que piale, retorcendo a eguada, 
ou no corcovear baldoso, do aporreado, 
que foi acostumado a plantar quem gineteia. 

Para ti meu patrício, 
Para que de uma vez por todas, 
aprendas, ao ficar sabendo, 
depois que eu rasquetear tua ignorância, 
esclarecendo-a carinhosamente, 
para falar-te apenas de coisas que conheço, 
sem repetir jamais o que aprendi, 
pelo que ouvi dizer, 
para que sintas patrício irmão, 
que não destrilho 
para não sofrer depois, com comentários. 

Vou te falar a respeito, apenas do meu tempo, 
e nunca do tempo que ele, que dobrou meu velho. 
Patrício amigo! 
Entre outros, existe lá pelo meu Pago, 
o domador de potros, o que laça, 
o que piala, o que monta e as vezes gineteia. 

O diarista, o mensal, o que tropeia, 
o que semeia e colhe, compra e vende, 
o que cura, o que marca, o que banha 
O que num toso de mestre, grava o nome. 
E o que com tentos de ñandutí tece esperança. 

Gente terrunha, 
que o próprio tempo jamais apagará, 
porque são homens, esteios do meu Pago. 

E há homens por lá, 
que não chimarroneiam 
ou comem carne como a maioria, 
porque lhes faz mui mal, 
tal qual a ti. 

Existe o alambrador, 
que sem saber, talvez montar num flete, 
domou a pá, a alavanca, o espichador, 
faz mil maneias, cerca califórnias e sangra. 
"Esse também é gaúcho e crioulo companheiro!" 

Moreja lá, o monteador, 
que se faz lenheira, e que reponta na tropa lenhadeira, 
novilhada de coronilhas, angicos e paus-ferro, 
montando um pingo cortador, 
com cabo, que é conhecido mais como machado, 
"Esse também é gaúcho e crioulo companheiro!" 

Outros existem! que agüentam mil corcovos, 
e que no toso de uma velga bem tirada, 
deixam suas marcas com letras de sementes 
por essas noites frias, fratoreadas. 
"Esses também são gaúchos e crioulos companheiro!" 

Há o que junta jujos, 
o que ordenha, o caseiro! 
o que esquila, o aguateiro, o que insemina. 
Há o ferreiro, que a marreta e bigorna, 
ferra e cuida os fletes, 
Há os que amam, os que apreendem e os que ensinam. 
"Esses também são gaúchos e crioulos companheiro!" 

Por ofício ou profissão, 
posso te citar milhares, 
mas virão sempre trançados com o crioulismo. 
Desiste de procurar a diferença! 
Unifica! É lei de patriotismo! 
Por isso! Por isso te peço que compreendas, 
porque certos julgamentos que tu fazes, nos doem tanto... 

Eu não pialo! 
Nunca pialei, 
Mas lavrei, bati enxada e ondenhei mil vezes. 
"Eu sou tão gaúcho ou mais, do que o que monta." 

Quero que saibas patrício, 
que não digo o que digo, 
por ser professor 
ou me julgar melhor, 
mas por ter vivido um pouco, 
e ter sofrido muito, 
calejando a alma em troca de experiência. 

Ente de finalmente, 
que é tão gaúcho, 
o homem que trabalha na terra 
desta terra ou deste Pago, 
quanto o que laça, piala, gineteia 
ou que escreve um livro com crioula consciência. 

Orgulho gaúcho de sul-americano. 
Orgulho mais lindo por ser brasileiro. 
Orgulho macho de honra e decência. 

Por isso companheiro, entende 
que para saber, 
te falta o que é prudência. 
E para aprender, te sobra... 
Se tiveres vergonha...!!!


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"Desculpem a visita que fiz hoje e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me embora para o lugar de onde vim, mas antes queria deixar a vocês um conselho: que tomassem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Senhor, tem gente "coando mosquito e engolindo camelo". Cuidado, irmãos, muito cuidado. Deixo a todos um pouco da paz que vem de Deus, com meus sinceros votos de progresso a todos que militam nesta respeitável Seara"!
(Preto Velho)