Por DIEGO MÜLLER

segunda-feira, 16 de março de 2015

Um alerta missioneiro...




I
Quando canto, em mim se encerra
A voz destes payadores,
Que cantando suas dores
Também cantaram à terra...
– Quem opina às vezes ferra
As verdades que são vistas...
E um galo não baixa a crista
Pra frango criado em quirera,
Que cantam falsas quimeras
Se achando grandes artistas!...

II
...Inventores dos verbetes
E poetas de dicionários...
Empulhadores falsários...
Provetas de gabinete...
...Que nunca viram um ginete
Lidando com caborteiro...
– São cavalos de carroceiro
Que só enxergam pra frente,
Enganando a nossa gente,
Fantasiados de campeiros!

III
"Yupanqui" falou por nós
Numa noite enluarada,
Ao dizer numa payada,
De alma limpa e viva voz:
“Não vou matar meus avós
Pra ficar de bem com os netos!”...
...E "Tupã", o supremo arquiteto,
Nos deu essa pulsação...
– E essa lei do coração
Que não se encontra em decretos!

IV
E o meu canto missioneiro
Exalta o chão que eu nasci...
Misto "gaucho" e Guarany
Sou cantor e guitarreiro!...
Levo a alma do pago inteiro
E terra em baixo das unhas...
– Os santos são testemunhas
Desta luta sem piedade,
Pra manter a identidade
Da nossa pampa... terrunha!

V
Aprendi com "Martim Fierro"
A dar opinião cantando,
Por isso sigo peleando
No exílio ou no desterro!...
Meu canto é coo um cincerro
Desta pátria colorada:
Tenho na alma plasmada
Uma força que se expande!...
– E a cultura do Rio Grande
Não vai ser contaminada!

(Diego Müller e João Sampaio)



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"¡Y aunque me quiten la vida o engrillen mi libertad y aunque chamusquen quizá mi guitarra en los fogones, han de vivir mis canciones en el alma de los demás!"
(Atahualpa Yupanqui)

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