"Meu Senhor Dono da
Casa" - que inda ouço na cantata -
Perdoa o sal do marejo neste sopro
que maltrata!...
É um pouco de bemquerença... mais
de recuerdo e lembrança...
- Pedindo esmola pro terno que
inda segue sua andança!
Foi alma açorita e viva no que a
rabeca exalava...
Com a benção de Santo Antônio... dos
Reis Magos... ante a fala!...
Foi caminho de chão bruto, segundo
o rastro da noite,
Batendo de rancho em rancho, sem
cansaços como açoite!
A cada rabeca feita... a cada
crina cortada...
A alma do pago antigo vinha nele -
já entranhada!...
- Era um pedaço da templa que
forjou o nosso ritual,
Cantando Ternos de Reis no que
antecedia o natal!
Bem pilchado, como os de antes -
lenço bem rente ao pescoço -
Animando baile antigo, cheio de
prenda e alvoroço!...
E a mão rude, ante o arco,
desenhava sonhos tantos
A cada nota templada deste
gauchismo encanto!
Cada árvore tombada, para ser
rabeca - após -
Punha aves dentro dela... saltando
o pago na voz!...
- Eram silbos de sabiás... e
tajãs, teimando em cantar...
Pondo requintes nos homens, sem
divisar pampa e mar!
"Meu senhor Dono da
casa"... se você pode me "ouví":
Um dia entrarei com um Terno neste
céu grande daí!...
...E não quero violinos tantos...
luxos dispenso pra mim!...
- Quero somente a Rebeca que ouvia
do "Seu Efraim"!!!
Imagem do livro: "Músicas do
Brasil" de Hermano Vianna
Videos: Arquivo da família Machado
Ramos, de Santo Antônio da Patrulha
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A rabeca
A rabeca é um instrumento musical,
classificado como instrumento de cordas friccionadas.
A palavra rabeca é usada
tradicionalmente em Portugal e no Brasil para designar os instrumentos de corda
friccionada com arco. Na Península Ibérica, desde a Idade Média à atualidade,
que palavras de influência árabe como Rebab, Rebec ou Rabil desigam estes
instrumentos importados do Norte da África. Em Portugal, até ao séc. XX, os
cursos oficiais de conservatório (como é o caso do Conservatório Real de
Lisboa) apelidavam-se de «rabeca», sendo substituída a palavra por «violino» no
ano 1903. Rabeca Designação tradicional que equivale ao violino. O Rabecão
designa o violoncelo. Rabeca Chuleira. No Norte de
Portugal, no Baixo Douro (aprox.), juntamente com as violas braguesa ou
amarantina, o violão e o canto usa-se a rabeca chuleira para as chulas das
festadas. Este, é um violino mais agudo que o comum, feito em especial para
acompanhar os cantos agudos das mulheres.
De tom mais baixo que o do
violino, tem um timbre fanhoso e percebido, geralmente, como tristonho. Existem
rabecas de três, quatro, e mais raramente de cinco cordas. Podem ser de tripa
ou aproveitadas de outros instrumentos como o cavaquinho, bandolim ou violão.
Suas afinações variam de acordo com o rabequeiro. Podem ser afinadas em quartas
(ré, sol, do, fá -D,G,C,F) ou afinadas, por quintas, em sol-ré-lá-mi,como o violino
e o bandolim. O tocador encosta a rabeca no braço e no peito, friccionando suas
cordas com arco de crina, untado no breu. Juntamente com a viola, é um
instrumento tradicional dos cantadores nordestinos. Muitas pessoas confundem a
rabeca com o violino, apesar de não terem o mesmo som e timbre.
Em São Paulo, é usada em folganças
ou fandango, na folia-do-divino, moçambique, congadas, dança-de-são-gonçalo e
folia-de-reis. No nordeste foi popularizada por bandas locais, onde também é
fabricada por gente simples do interior de Alagoas como Nelson da Rabeca. Ao
contrário do que a maioria das pessoas pensam, a rabeca foi o primeiro
instrumento melódico utilizado no forró. Só posteriormente, com a imigração dos
alemães, é que a sanfona foi difundida por todo o Brasil e introduzida na
música nordestina. E por ser um instrumento com mais recursos musicais, pois é
um instrumento melódico e harmônico (ao contrário da rabeca que é apenas
melódico), a sanfona teve maior aceitação.
Na região Norte, a rabeca é usada
nas festividades de São Benedito. Na cidade de Bragança, onde destaca-se como o
principal instrumento da festa, é tocada desde 1978 pelo mestre Zito no período
de 18 a 31 de dezembro. Músicas como retumbão, chorado, xote, mazurca e
contra-dança fazem parte do repertorio da festa, mais conhecida com o nome de
Marujada. Aurimar Monteiro de Araújo, mestre Ari, é um dos mais renomados
artesãos do instrumento na Região Amazônica, utilizando madeiras e fibras
vegetais da floresta ele confecciona instrumentos de sons inigualáveis. O
mestre foi responsável pela criação da Orquestra de Rabecas da Amazônia, além
de uma escola de música e de uma oficina escola que capacitam profissionalmente
crianças e adolescentes, preservando assim a memória do instrumento na região.
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"Deem-me um ponto de
apoio... e moverei o mundo!"
(Arquimedes de Siracusa)
(Arquimedes de Siracusa)
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