Por DIEGO MÜLLER

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Barranca 2012...

41º Festival da Barranca 
São Borja/RS


Pirisca Grecco, Miguel Tejera e Tadeu Martins 
foram os autores da música “Na Estação ali na Frente”, 
que venceu o 41.º Festival da Barranca de São Borja. 

Assim como as demais composições concorrentes, 
o tema foi feito num tempo máximo de 24 horas 
(umas 6 horas, mais precisamente afirmam testemunhas), 
e nasceu ali, na barranca do Rio Uruguai. Conforme o diretor desta edição do festival, 
Marco Antônio Loguércio, o evento teve a participação de 250 convidados, 
muita música e integração, onde a arte foi o destaque, mais uma vez, como ocorre há 41 anos, 
sempre na Semana Santa.

Pra comemorar o resultado, Pirisca publicou foto com a medalha e registrou em sua página no “facebook": 


“A estação ali na frente, 
Galponeira, sim senhor, 
Fogo grande hospitaleiro, 
Com mate e computador" ... 

"Muchas Gracias Tadeu Martins e Miguel Tejera pela parceria. 
Escrevemos nosso nome nessa bonita história de 40 anos da Barranca. 
Obrigado aos Angüeras e todos irmãos Barranqueiros!”. 
(Pirisca Grecco)


VENCEDORES
41º FESTIVAL DA BARRANCA 

-1º lugar: Na Estação Ali na Frente
de Tadeu Martins, Miguel Tejera e Pirisca Grecco

-2º lugar: Expresso 41
de Juca Moraes e Samuca do Acordeon

-3.º lugar: Marco de Tempo Novo
de Edegar Paiva, Flori Wehgner, Glênio Vieira, Jauro Gehlen e Toco Soledade

-Melhor Letra: Ontem e Hoje, de Antônio Augusto Fagundes
-Troféu Cigarra de Acampamento – Carlos Leandro Cachoeira 

(Na estação ali na frente - Campeã)


Shows “pré-Barranca” 

O segundo dos três shows que abrem o Festival da Barranca reuniu grandes nomes da música nativista e, principalmente, missioneira em Santo Ângelo na noite de terça-feira, dia 3. A realização dos shows aconteceu como parte do projeto Sinfonia das Águas pela lei Rouanet. A apresentação foi de Shana Müller, única exceção já feita à regra de não participação de mulheres no festival. Participaram do show Pirisca Grecco; Carlos Cachoeira e Texo Cabral; Jorge Freitas; Os Angüeras; Mário Barbará; Alejandro Brites; Rodrigo Icastro e Guilherme Falcão; Geraldo Trindade, Junior Benaduce e Jader Leal; Buenas e M’espalho (Shana Müller, Érlon Péricles, Cristiano Quevedo e Ângelo Franco); Lenin Nuñes e Sérgio Rojas; Elton Saldanha e Daniel Torres. Ao final, todos os artistas retornaram ao palco para cantar os hinos da Barranca e do Rio Grande do Sul.


Depois de Santo Ângelo, São Borja recebe show dos participantes do
41º Festival da Barranca. Público comparece em massa no Passo, em São Borja, na noite de quarta-feira, para assistir a última apresentação que marca o início do Festival da Barranca. O show fez parte do projeto Caravana da Barranca de Marquinhos Kroeff, dentro do Sinfonia das Águas. Mais uma vez o evento foi apresentado por Shana Müller.


Entre os artistas que participaram do show estavam Pirisca Grecco; Carlos Cachoeira; Texo Cabral; Os Angüeras; Mário Barbará; Alejandro Brites; Rodrigo Castro Guilherme Falcão; Geraldo Trindade; Junior Benaduce e Jader Leal; Buenas e M’espalho (Shana Müller, Érlon Péricles, Cristiano Quevedo e Ângelo Franco); Lenin Nuñes; Sérgio Rojas; Elton Saldanha; Maninho Pinheiro; Thiago Ferraz; Cabo Déco (Rafael Ovídio).


TERTÚLIA E SORTEIO DO TEMA

A 41ª edição do Festival da Barranca continuou no acampamento. A quinta-feira foi reservada para a tertúlia livre, momento em que cada um tem aberto o espaço para mostrar sua arte. A uma distância de poucos passos era possível encontrar rodas de violão onde se ouvia o nativismo novo e o consagrado, o choro, o rock e a seresta, deixando claro que a Barranca não tem preconceitos quando se fala de arte. 

Na sexta-feira à noite foi divulgado o tema do festival: “Próxima estação”. O tema, ao contrário do que sugeriram as brincadeiras dos barranqueiros, não está relacionado a trens ou estações de rádio, mas sim um novo tempo que há de vir. No sábado acontece o festival propriamente dito, com a apresentação das composições classificadas e a escolha da vencedora. 


Como acontece há 41 anos na Semana Santa, compositores e admiradores da música gaúcha estão reunidos às margens do Rio Uruguai para oFestival da Barranca, em São Borja. Para quem ainda não conhece o festival, explico: este é um festival diferenciado, por diversos fatores. Primeiro por que é fechado, só para convidados (a entrada de mulheres é proibida), e as músicas são produzidas lá mesmo. O tema é sorteado na sexta-feira Santa e os compositores tem 24 horas para apresentar a música pronta no palco, o que deve ocorrer na noite desse sábado. O tema deste ano, sorteado na noite de ontem é "Próxima Estação", conforme me informou o músico e estudante de jornalismo Guilherme Benaduce, de Santa Maria, que está participando esse ano. Aliás, o Guilherme será o "correspondente" do ABC do Gaúcho, e ainda nesse sábado, mandarámatérias exclusivas direto do festival, contando sobre o processo de criação dos compositores, além das curiosidades e premiação. Fiquem ligados aqui no blog! 


"Comício de Espíritos" 

Realizado sempre na Semana Santa, às margens do Rio Uruguai, em São Borja, o Festival da
Barranca - o mais antigo, realizado ininterruptamente - foi definido como "um comício de 
espíritos", pelo compositor Sérgio Jacaré Metz, e apresenta um fórmula interessantíssima, 
pois nele realmente nasceram inúmeras músicas marcantes do cenário nativista. As músicas criadas no festival não são registradas em discos, sendo assim consideradas inéditas, 
para fins de competição em outros eventos. Dessa forma, muitas concorreram em festivais 
nativistas e, várias foram premiadas. Entre as mais conhecidas estão Origens (de Nico e 
Bagre Fagundes), Partida (Mauro Ferreira) e Esteio e Sonho (Vinícius Pitácoras Gomes e Luiz 
Bastos).

*No site dos Angueras tem a relação das vencedoras, até 2002.
Também é possível ouví-las! 


OS ANGÜERAS 

O festival da Barranca foi criado pelo grupo Os Angüeras - Grupo Amador de Arte, de São Borja. Conforme o histórico disposibilizado em seu site, o grupo foi fundado em 10 de março 
de 1962, com atuação permanente nos campos da música, do teatro, da literatura regional e da pesquisa de folclore, o Os Angüeras - Grupo Amador de Arte, surgiu a partir do Departamento Cultural do chamado "Clube dos Dez" - grupo de amigos que se reuniam, periodicamente. Os fundadores foram Apparício e Suzy Rillo; Carlos e Maria Moreno; José e Magda Bicca; Sady Santiago e sua noiva Ana Rosa; Darwey e Mariazinha Orengo; Telmo de Lima Freitas e Vicente Goulart.

"O nome foi escolhido a partir da sugestão do poeta e historiador Apparício Silva Rillo. De 
origem Guarani, "Angüera" significa "espírito que volta" ou "alma que se devolve ao corpo", 
um pouco estranho a primeira vista, mas, logo, compreensível, pois o "Angüera" antes triste 
e caladão, virou cantador e tocador de viola, depois que os padres das Missões o batizaram e 
lhe deram o nome de Generoso e, assim, na mitologia missioneira "Angüera" pode ser 
considerado o patrono da música e da alegria gaúcha." 


RILLO 

Reproduzo mais uma vez o texto feito em 1985 por Apparício Silva Riilo,
um dos fundadores dos Angueras e do festival:

Entendendo a Barranca 

Nada acontece por acaso, segundo a teoria dos racionalistas (estes caras que são alimentados 
a ração balanceada). Talvez tenham lá suas razões, os cujos. Menos no que se refere ao festival da Barranca. Este nasceu por acaso como os nenês de novembro, frutos da semeadura suada do Carnaval.

Pois sucede que o pessoal de Os Angüeras e mais alguns de achego, desde pelo menos 1965, 
realizavam duas grandes pescarias no ano: uma na Semana Santa, outra em setembro. A primeira para o tradicional jejum de carne (mulheres não nos acompanhavam e até hoje não). A outra na Semana da Pátria, para escapar (desculpa ...) dos chatíssimos desfiles que são a tônica da efeméride cívica.


Para uma e outra pescaria vinham de Porto Alegre o Antonio Augusto Fagundes (Nico) e o 
Carlinhos Castilhos (Passaronga), com o Juarez Bittencourt (Chuchu) algumas vezes e, quando em quando, com outras caras mais ou menos simpáticas.
E aí aconteceu. Por acaso, repito, contrariando os racionalistas. A gente estava no 
“Pesqueiro da Bomba”, no Rio Uruguai, na Semana Santa de 1972. Havia tomado umas que outras, alguém falou na Califórnia da Canção acontecida em primeira edição no dezembro anterior, em Uruguaiana, quando uma voz (acho que do Passaronga, outros acham que outro, há quem jure que de um espírito) sugeriu: - E se a gente fizesse o nosso festival? Aqui mesmo, no improviso, na barranca do rio?

... Então, naquela Semana Santa, noite de quinta-feira, ficou assentado em cepo de três 
pernas que se faria o festival. O Tio Manduca (disso sim, me lembro) propôs que as 
composições tivessem por base, tema único, nomeou-se o presidente da “Comissão” e lascou o tema: “Acampamento de Pescaria”. E aditou, enquanto me filava o trigésimo oitavo cigarro daquele dia: - Sábado de noite os artistas se apresentam. Vocês têm o dia todo de amanhã para trabalhar o tema. Tá resolvido ...

... Houve três concorrentes neste primeiro Festival da Barranca, que, naquela época e porque estava em seu início, não merecia as maiúsculas que lhe dou. Carlinhos Castilhos, só e mal acompanhado; Nico Fagundes com “Fuça” no violão e, em dupla Zé Bicca e esta voz que vos fala. 
Apresentadas as composições, por ordem de sorteio, cantou o Carlinhos (palmas, palmas e 
palmas), cantou o Bicca (idem, idem e idem) e finalmente o Nico (ibidem, ibidem e ibidem). A platéia, meio sobre a empolgação, assentava-se em semicírculo. Todos (eu disse todos) 
votaram. Menos os concorrentes, claro. Ganhou o Nico, com “Eu e o Rio” – hoje gravada, como tantas composições que nasceram na Barranca para ganhar alguns dos mais importantes festivais nativistas do Estado.



O detalhe, nisso tudo, é que a composição vencedora (linda, a melhor da noite), nada tinha a ver com o tema proposto. Cantava a relação espiritual de um amante descornado com as águas do Rio Uruguai. Mas o fato é que ganhou. O que prova, desde a idade da pedra dos festivais nativistas, que júri deste tipo de evento não é flor de cheirar com pouca venta. 
A confraternização foi geral, o vencedor queria por que queria o prêmio (mas que prêmio 
caracos?). O Milton Souza ganiçava de raiva por que lhe haviam estragado a gravação (para a rádio São Miguel, ouviram?) por intervenção de calão não recomendável, eu achei que estava uma beleza, nada como o autêntico e o espontâneo para valorizar uma reportagem ... Aí o Milton me olhou de esquadro e eu saí pelo arrabalde. Pensando que Deus me desse saúde, engenho e arte, um dia eu ia escrever esse episódio.


O que faço, vinte anos mais velho, mas feliz. Porque o Festival da Barranca, nesse tempo, 
depois de catorze edições, faz por merecer as maiúsculas que agora lhe confiro."
(Apparício Silva Rillo - 1985)

Por Tânia Goulart 

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(Trêm do vanerão )

Trêm do vanerão - Vanerão
L: Binho Pires/Diego Müller/Tadeu Martins
M: Yuri Meneses
I: Pirisca Greco

Violão: Yuri Meneses
Gaita piano: Glauco Vieira
Cajon: Diego Muller
Flauta transversa: Texo Cabral
Baixo: Miguel Tejera

Vai a Barranca 
Nesse trêm do vanerão!...
Eu também vou,
Sobrou lugar nesse vagão!

Carrego a canha pra folgar do chimarrão...
Gaita nos "tento" e a meia-espalda o violão...
Peguei a china pra cuidar das "criação"...
- São Borja amiga: minha próxima estação!

Levo meus "plágio" pra montar minha canção...
Tem mais valor o que vai no coração...
Pra ver amigos nunca me falta carvão...
- São Borja amiga: minha próxima estação!

Chegando lá é gaita, pandeiro e violão...
Sou gente nova garantindo a tradição...
Já disse o Rillo... o Zé Bicca... e o Julião...
- São Borja amiga: minha próxima estação!!!

Café com pão...
Café com pão...
Café com pão...
Café com pão!!!...

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(Do filme: O tempo e o vento - 2012)

"Mesmo quando o pássaro caminha,sente-se que ele tem asas." 
ANBTOINE MARIN LEMIERRE

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