domingo, 27 de novembro de 2011

Olhe...


Do meu olhar
 (Diego Müller) 

Meus olhos trago cansado por procurar calmarias 
Nas distâncias incessantes assombradas de rebeldia... 
Tormentas de ter partidas, ressabiadas de voltar, 
Pondo marejos nas horas aos cristais do meu olhar! 

Sombras que vigiam rumos, pelo negrume dos rastros, 
Adormecendo sorrisos, bombeando horizonte vasto... 
Há silêncios nas retinas repovoando o cantar 
Num brado de voz calada do facho do meu olhar...!!! 

...Dói na alma esta paisagem que o olhar teima em chorar: 
Solidão de voz e cisma no anseio de ser “buscar”... 
Percurso em céu de lonjura com lumes de bem-querer... 
– Um dia, talvez, reencontre o que não busca esquecer!!! 

Um olhar de espelho gasto refletindo ao pensamento 
Outro olhar – trevas de vida – que buscou nos sentimentos... 
...Visão de olhos fechados, num mundo pra o recriar, 
Quando o breu puxa os nuances da distância, além do olhar! 

Por isso escuto um silêncio que fala só com este olhar: 
Se a vida não cruza à porta olhos servem pra buscar... 
E a sina é céu e noite, como a luz que é o luar: 
Vejo ela pro infinito, porém sem poder tocar...!!! 

...Dói na alma este luzeiro que o olhar teima em buscar: 
Voz de cisma, em soledades, no anseio de ter chorar... 
Lonjura em céu de percurso com um bem-querer de lumes... 
– Um dia, talvez, reencontre o que só a saudade assume!!!


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O olhar de quem odeia é mais penetrante do que o olhar de quem ama.

Enart 2011

Primeiros lugares
ENART 2011



1º CTG RANCHO DA SAUDADE 
CACHOEIRINHA 
1ª 

UNIÃO GAÚCHA J. SIMÕES LOPES NETO - PELOTAS 26ª

CTG TIARAYÚ - PORTO ALEGRE 1ª 

CTG ALDEIA DOS ANJOS - GRAVATAI 1ª 

DTG CLUBE JUVENTUDE - ALEGRETE 4ª


Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" para ser insignificante.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ENART 2011...

CTG Rancho da Saudade
Cachoeirinha/RS

Rancho da Saudade no ENART 2011


O CTG Rancho da Saudade produziu um vídeo para apresentar a sua rica proposta para o ENART 2011. 
Esse vídeo é uma pequena amostra do trabalho de pesquisa realizado, com entrevistas feitas com autoridades em tradicionalismo e folclore gaúcho, como Manoelito Savaris e Antônio Augusto Fagundes. 
Mostra referências bibliográficas utilizadas, de autores como Auguste de Saint-Hilaire, Nicolau Dreyes, Paixão Côrtes, Barbosa Lessa, Lilian Argentina e Luiz Celso Gomes Hyarup, 
e ainda o trabalho realizado por amigos e parceiros, como Alexandre Ourique, 
Diego Müller, Jorge Marino e Alex Balaka.


Esse vídeo foi apresentado no evento de pré-estréia, e está disponível para todos agora.

Apreciem!!!

...e compareçam no ENART para assistir,
Ou acompanhe ao VIVO pelo PORTAL MTG:


Ao todo são 40 entidades divididas em cinco blocos. 
Os 20 melhores colocados se apresentam novamente no domingo, 20, quando, à noite, são conhecidos os campeões. 
Em 2010, DTG Clube Juventude consagrou-se campeão e neste ano é reponsável pela cerimônia de abertura. 

"Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! 
E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!"

Grupo de Tropeirismo Biriva OS PROVINCIANOS
No Rodeio de Vacaria de 2010

BLOCO 1
01.CTG CAMINHOS DO PAMPA - PORTO ALEGRE
02.CTG RONDA CHARRUA - FARROUPILHA
03.CTG SENTINELA DA QUERÊNCIA - ERECHIM
04.CTG ESTÂNCIA GAÚCHA - CANOAS
05.GTF CEL. APARICIO BORGES - SANTO ANGELO
06.CTG OS FARRAPOS - PELOTAS
07.CTG OS TEATINOS - RIO GRANDE
08.CTG RODEIO DA QUERÊNCIA - FREDERICO WESTPHALEN

BLOCO 2
01.DT CONTINENTE DE SÃO PEDRO - CRUZ ALTA
02.CTG LANCEIROS DE SANTA CRUZ - SANTA CRUZ DO SUL
03.CTG TROPILHA CRIOULA - SÃO BORJA
04.CTG CEL. THOMAZ LUIZ OSÓRIO - PELOTAS
05.GAN IVI MARAÉ - SÃO LEOPOLDO
06.CTG SENTINELA DA QUERÊNCIA - SANTA MARIA
07.CPF PIÁ DO SUL - SANTA MARIA
08.DTG LENÇO COLORADO - PORTO ALEGRE

BLOCO 3
01.CTG FARROUPILHAS - SANTA MARIA
02.GRUPO TEBANOS DO IGAI - PASSO FUNDO
03.CTG GILDO DE FREITAS - PORTO ALEGRE
04.CTG RINCÃO DA ALEGRIA - SANTA CRUZ DO SUL
05.UNIÃO GAÚCHA J. SIMÕES LOPES NETO - PELOTAS
06.CTG HERDEIROS DA TRADIÇÃO - CAXIAS DO SUL
07.CTG M´BORORÉ CAMPO BOM - CAMPO BOM
08.CTG LALAU MIRANDA - PASSO FUNDO

BLOCO 4
01.CTG ESTÂNCIA DA SERRA - OSORIO
02.DTG GENERAL CANABARRO - TEUTÔNIA
03.CTG ALDEIA DOS ANJOS - GRAVATAI
04.CTG RANCHO DE GAUDÉRIOS - FARROUPILHA
05.DT QUERÊNCIA DAS DORES - SANTA MARIA
06.GTCN VELHA CARRETA - CAXIAS DO SUL
07.DTG CLUBE JUVENTUDE - ALEGRETE
08.CTG TRÍPLICE ALIANÇA - URUGUAIANA

BLOCO 5
01.CTG CAMPO DOS BUGRE - CAXIAS DO SUL
02.CTG GUAPOS DO ITAPUÍ - CAMPO BOM
03.CTG TIARAYÚ - PORTO ALEGRE
04.DTG CANDEEIRO CRIOULO - PELOTAS
05.CTG HEROIS FARROUPILHAS - CAXIAS DO SUL
06.CTG CLUBE FARROUPILHA - IJUI
07.CTG CARRETEIROS DO SUL - PELOTAS
08.CTG RANCHO DA SAUDADE - CACHOEIRINHA


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"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. 
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro!"

domingo, 13 de novembro de 2011

Oração ao tempo...



Oração Ao Tempo
Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...


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(Alberto Güiraldes)

"Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz."
( Eclesiastes )

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Das miradas...


...e apenas!


Mirada 
(Diego Müller)

Jogo a mirada nas saudades que carrego...
– Nostalgias tantas debruçadas num cantar!...
Sentir saudades é ter mirada nos ventos
E bem saber aonde a mesma quer pousar!

Cada ansiedade, e estas faltas já se assomam,
Sabendo ver por aonde os sonhos vão também:
Pegar a estrada na demora dos caminhos,
Sem dor de espinho... dos quais eu conheço bem!

Procuro um rumo – que sei qual, mas não senti!...
Busco um luzeiro – dos olhares, que eu mirei!...
Persigo um gosto – que decifro, junto aos mates!...
...Insisto ao norte – nas miradas... que eu deixei!

Cada mirada... e a mesma cena!...
– Rosto moreno – se me entender!...
Distância e um sonho... que me condena
A ter mirada em teu bem-querer!!!

Jogo as saudades nas miradas debruçadas,
Pois sei que a vida quer somá-las, pra entregar!...
...Regalo e um sonho – que a paisagem pinta altiva –
Se a alma, bem viva, mira o teu céu, por amar!

Cada paisagem, e estas angústias fisgando,
Não compreendendo porque prender meu olhar...
– Será teu rumo, só outro rumo ante as estradas,
Que dá num nada... e nem parei pra me quedar?

Se bem mirei é por querer – mais que as miradas –
Os teus olhares, entregues somente a mim...
– Mas sei que um dia seremos “mesma mirada”,
Mirando um sonho que pede ser nosso... enfim!!!

Cada mirada... linda morena!...
– Pro nem tentei – e o que não perdi!...
O tempo mira... pintando a cena
De um sonho nosso que sonho em ti!!!


"Por vezes pessoas, das quais nem imaginamos o quanto, nos deixam lembranças mínimas, onde  nos tornam escravos das mesmas, mais e mais, buscando-as constantemente. 
Somos miradas fonte ao tempo, olhares num futuro, ansiedades que querem longe, note adiante, sonho e rumo!
Cada lembrança tem muito das minhas miradas, cada quimera o "adelante"... 
Sonho estar nos sonhos que vem! Estar nos olhos além!
Sonho estar nessas quietudes mirando fundo no olhar!... se mirada - uma apenas - no que pede o meu sonhar!"

Abraço ao pessoal de Caxias do Sul, em especial a todos do Pampa do Rio Grande, e meus amigos da família Gomes de Andrade, por sempre me abraçarem como amigo e familiar!

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(Francisco Madero Marenco)

"Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção!"

Compromissos...


(Foto de Reno Villagran)

...e trabalhos!
(Alex Silveira)

Tô com saudade dos meus amigos, das jantas, do futebol, das guitarreadas,de um rodeio, dum festival.
Tenho pensado. 
Nem escrever mais fazer poesias tenho feito um dom que Deus me deu, de um mate com um parceiro pra falar de poesias e cavalos. 
Só correria e trabalho e mais trabalho e compromissos de trabalho.
Minha alma pede um pouco pra mim mesmo.
A gente precisa trabalhar mas será que as vezes vale a pena?... não ter tempo pro resto pras coisas que se gosta de fazer?
O tempo vai passando e hoje me dei conta que não era assim, que tinha tempo pra tudo. 
Como a gente fica pobre de espírito quando só pensa numa meta.
Sei que trabalho no que gosto, mas as vezes um mate com um amigo vale muito.
Desculpem minha sinceridade mas quantos não estão assim envolvidos no trabalho que esquecem do resto das simples coisas.
Isto é uma reflexão de vida.não quero que seja tarde pois o tempo passa!...

(Foto de Diego Müller e Michel Martins - Estância da Floresta)

Poemita campeiro 
 (Aureliano de Figueiredo Pinto) 

Verde e plana! Plana e verde! 
Linda por verde e por plana 
A chapada campechana 
Que aquém do posto se perde! 

As crianças do posteiro 
Alegres de ingenuidade 
Ali corriam... Brincavam... 
Com vestidos e bombachitas 
Vermelhas, como florzitas 
Que na campanha brotavam! 

Essa, a impressão que tivera 
Um doutor que lá pescara, 
Num lagoão de água mui clara, 
Da invernada da Tapera! 

Uma feita – madrugada – 
Lá foi chamado o doutor 
Por um chasque em disparada: 
– “Não vê que uma das crianças, 
Sentia febre e uma dor 
Do jeito de uma pontada!” 

O famoso 29 
Bufou e urrou no peludo 
De barro negro... E só às 9 
Foi chegando o sabe-tudo!!! 

E então na mesa da sala 
Do rancho asseado e pobre, 
O olhar do doutor descobre, 
Com infinita tristeza... 

De vermelho, e sem mais cores, 
A meninita Aleonores, 
Com um manjolo de flores 
Murchando em riba da mesa!!!

(Foto de Diego Müller e Michel martins - Estância do Batovi)

"Costumo voltar atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro!"

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O Índio que a gente conhecia...


O Índio que eu conheci...
(Rogério Villagran)


Existem pessoas que escrevem a sua historia com muito pouca coisa... Eu conheci um homem que escreveu a sua, apenas com um par de esporas de ginetear em pelo e uma rédea pescoceira!!!! Apenas isso!!! Ele era índio!!!! Os índios são exímios cavaleiros apenas saltando em pelo sobre o lombo do cavalo... E este índio que eu conheci era o melh...or de todos!!! Não sei de qual tribo ele era, mas sei que todas as outras “tribos” o idolatravam e admiravam... Muitos queriam ser índio que nem ele!!! Ser o índio que ele era, ter a mesma coragem, a mesma destreza, saber das manhas que só ele sabia... Ter, da mesma forma, o domínio que ele tinha sobre os seus objetivos, quando lentamente ele caminhava na direção do palanque onde lhe esperava, atado, mais um capitulo da sua estória, que ali continuaria sendo escrita!!! Um cavalo aporreado!!! Poderia ser qualquer um... Poderia ter qualquer pelagem... Desde que fosse muito veiaco!!! Que tivesse um nome que intimidasse... Que fosse desafiador... Que tivesse fama... Que fosse invicto...Que fosse uma topada dura...e alem disso tudo, que fosse muito veiaco!!!! Por que assim ele poderia dar continuidade a sua história... Gineteando!!!! Eu vi este índio ginetear... E agora vejo o quanto, foi importante aquele grito que eu dei, junto a tantos, que também gritaram na beira da cerca... Não froxa Indio!!!! Quando a mão do palanqueiro puxou a soga ali no seu pedido de “solta”... Muitos tombos, Muitísimos triunfos...isso tudo faz parte de uma história!!!! História de quem gineteava muito... Um homem muito de a cavalo...um ser humano perfeito!!!! Com todos os defeitos e todas as qualidades que todos nós, temos o direito ou obrigação de ter... Creio que isso sim, faz uma pessoa ser perfeita!!!! Eu lhe admirava muito, lhe tinha um carinho enorme... Era um índio amigaço!!! Um índio gaúcho!!! De poucas palavras, mas palavras verdadeiras... E, porém muito irreverente quando podia ser!!! Alguém que sei que tinha o mesmo respeito por mim... Sempre dizendo: Rogério, quando vier a Lages aparece la por casa pra tomar um mate!!! Sempre vou dar muito valor a sua imagem e a sua história, ainda mais porque sei, que ela foi escrita apenas com um par de esporas de ginetear em pelo e uma rédea pescoceira...isso é para poucos meus amigos!!!


IVAN RIBEIRO!!!! Este é o nome de quem falo...Todos lhe chamavam de ÍNDIO!!!! E hoje estou muito triste porque, á tardinha, quando eu estava julgando umas gineteadas aqui na minha terra, recebi a triste noticia de que o meu amigo INDIO havia morrido... Ficou aquela sensação de que estava faltando alguém por montar...aquela vontade de pedir para o narrador chamar mais uma vez...dizer: Índio!!! Ivan Ribeiro!!! Teu cavalo ta no palanque!!!! É muito triste saber que a vida, ou mesmo talvez o que chamamos de destino, mesmo tendo os seus motivos, não foram nem um pouco generosos achando-se no direito de escrever este capitulo tão doloroso, numa história que era tão linda... Não era pra ser assim!!!
Amanha vou pedir, que, por ti, um aporreado seja solto Índio... E vou dar a tua “nota” com o meu coração!!! Vou pedir pra Deus que te “saque” na garupa... E que Nossa Senhora Aparecida te entregue o maior de todos os prêmios!!!! O reconhecimento de todos que te queriam bem, que torciam por ti, que seriam capazes de fazer o mesmo que tu fizeste, onde querendo ser aquele que faz um costado, que amadrinha, que livra do tombo, que salva, perdeste a tua própria vida...Isso é ser um grande homem!! Valoroso!!! Destemido!!! O ginete Lageano!!!! Um dos homens mais cavaleiros que conheci!!! Uma grande perda!!! Te deixo aqui um grande abraço meu amigo!!!! Um grande abraço Índio!!!

Que orgulho sinto eu...segurar esta bandeira, deste estado que sempre me deu muito valor: Santa Catarina!!!! vou guardar para sempre este recuerdo Índio...mais orgulhoso fico eu, por dividir este momento contigo...Ivan Ribeiro!!!!
 Minha família toda sente muito o teu destino...meus pais te admiravam muito...minha mãe pela pessoa humilde que ela via em ti...meu pai pelo verdadeiro homem ginete que tu representava!!!

Um grande abraço Ivan Ribeiro!!!

Que Deus o tenha junto dele!!!!



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Se foi num dia de novembro
Vestido de primavera
Ficaram garras e cordas
E uma gineta quimera
Seu nome os ventos repetem
Seu basto ficou tapera!

Pedimos para um Deus criollo
Que lhe dê como regalo
Um funeral ded cordeona
Com relinchos de cavalo!!!

(João Sampaio e Filipe Corso)

Nossa reverência ao grande ginete Ivan Ribeiro que se foi,
extensivo a toda a sua família, principalmente ao nosso parceiro de arte Edvan, também... 
Índio Ribeiro!!!
(Carlos Muntefusco)

"Enquanto houver alguém que lembre da gente a gente não morre. E quando ninguém mais lembrar,aí já não importa, pois é sinal de que estamos todos juntos." 
ANÔNIMO.

sábado, 5 de novembro de 2011

Mulata...


...Ensaboa!


Ensaboa

Ensaboa mulata, ensaboa
Ensaboa
Tô ensaboando
Ensaboa mulata, ensaboa
Ensaboa
Tô ensaboando
Tô lavando a minha roupa
Lá em casa estão me chamando Dondon
Ensaboa mulata, ensaboa
Ensaboa
Tô ensaboando

Os fio que é meu, que é meu
E que é dela
Rebenta a goela de tanto chorá
O rio tá seco, o sol não vem não
Vortemos pra casa
Chamando Dondon





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DILEMAS 
(Silvio Genro)

Tanto os poetas quanto os ricos
Quando amam tem problemas:
-Os ricos, por seu dinheiro
E os poetas, por seus poemas.
Os ricos porque duvidam
Dos romances verdadeiros...
-Alguém lhes quer por amor
Ou ama só o seu dinheiro?
Os poetas, embora pobres,
Sofrem o mesmo dilema...
-Alguém lhes quer por amor
Ou ama só os seus poemas?

(Carlos Muntefusco)

"Uma árvore demora anos para crescer. O ex-presidente Fernando Henrique plantou uma. O Plano Real. O PT assumiu e não cortou essa árvore. Deu frutos. A economia cresceu, mas o Brasil não, em razão da incompetencia de seus administradores. Hoje não temos estradas, "E-NEM" educação,"E-NEM" saúde,"E-NEM" segurança. Só o que cresceu foram as denúncias de CORRUPÇÃO. E o povo aplaude e, o governo não está "E-NEM" aí"!
GERALDO GRYBOWSKI.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Um tango em SOL-fridão..


...Funeral de um grande amor!


Se derrama uma tristeza neste tango arrabalero
Pois tenho nos olhos tangueros uma angústia e um pesar
Quanto mais lembro daqueles tristes momentos
... Mais aumenta o sofrimento que transborda em meu olhar.

Vi minha percanta nos braços de um milongueiro
E um soluço mazorquero se misturava com o som
Tomei uma copa de champanhe traiçoeira
E a minha mágoa tasqueira chorava no bandoneón!

Estou perdido sem a flor do teu perfume
E o carvão cruel do ciúmes deixou meu sonho tisnado
Estou morrendo sem o mel da tua boca
E a minha alma louca quer voltar para o passado...

Por isso em prantos canto assim minha flor
Para ver se afogo a dor ao saber que te perdi
A nossa história era tão linda e aos pedaços
Me diz agora o que que eu faço enfeitiçado por ti???

Minha alma chora...Machucada enlouquecida
Por ti luz da minha vida que me esporeou no coração
Por isso agora meio ausente do presente
Sinto que o meu choro quente se inunda de solidão...

O MEU JARDIM PERDEU A PAZ DOS BEIJA-FLORES
MURCHOU O VIÇO DAS FLORES...SE APAGOU O MEU FULGOR
O CHORO É ETERNO...O DIA É INFINDO...A NOITE É LONGA
E ENTRE TANGOS Y MILONGAS VELO A MORTE DE UM AMOR...
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*Tema de Diego Müller e João Sampaio, musicado e gravado por Jorge Guedes!...


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Posso escrever os versos mais tristes esta noite. 
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe". 
O vento da noite gira no céu e canta. 

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou. 
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito. 

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos. 
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi. 

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho. 
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo. 

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido. 
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo. 

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. 
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. 

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. 
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. 

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido. 
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.


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(Molina Campos)

"O mundo do sonho é silencioso como o mundo submarino. 
Por isso é que faz bem sonhar..."
(Mário Quintana)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Canção do dia de sempre...



Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...
E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.
Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


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Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Ah! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas: ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade.

Nasci no rigor do inverno, temperatura: 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro - o mesmo tendo acontecido a sir Isaac Newton! Excusez du peu... Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso! sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de farmácia durante cinco anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Érico Veríssimo - que bem sabem (ou souberam) o que é a luta amorosa com as palavras.



Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...


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"O verdadeiro analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê!..."

João Sampaio em entrevista ao jornal A notícia...


COMO SURGIU A MÚSICA MISSIONEIRA?

A NOTÍCIA:Nota-se a sua sólida formação cultural,pelo rico conteúdo da sua poesia.Qualo incentivo que teve em torno dos livros,na sua juventude em Itaqui?

JOÃO SAMPAIO:Eu fui um guri extremamente tímido,ensimesmado e arredio. Meu pai tinha uma ótima biblioteca. Comprava tudo que saia.Tinha muito bom gosto. Quando eu descobri os mundos que estão dentro dos livros não parei mais de ler. Insconscientemente atendi ao pé da letra o repto do grande Mário Quintana o de que o verdadeiro analfabeto é aquele que sabendo ler não lê.Lá na estância do meu pai eu me refugiava numa velha carreta que estava com o cabeçalho apoiado na forquilha de um cinamomo e passava(recostado nos pelegos!) o dia lendo e desvendando novos mundos.Lembro da severidade com que fui repreendido,quando meu pai me pegou lendo(devorando ávidamente!) o Diário que o Che Guevara escreveu na Bolivia. Isso lá por 68/69 em plenos anos de chumbo,eu com dez anos o meu pai achava imprópria aquela leitura para mim. Aliás possuir aquele livro em casa era subversão. Outra festa foi quando eu descobri o MARTÍN FIERRO e o GRANDE SERTÃO:VEREDAS mexeu tanto comigo,me deixou tão excitado(apesar do estilo difícil)que eu não conseguia dormir e como não havia luz elétrica na estância,eu amanhecia lendo à luz de velas. Outras vezes lia na madrugada escondido,com uma lanterna de pilhas que eu tinha roubado previamente da minha mãe. Até hoje o hábito da leitura para mim é fisiológico.Isso é de família. Um primo meu de Uruguaiana,devorador de romances e novelas,estava lendo embevecido O TEMPO E O VENTO do nosso Érico Verissimo e quando chegou na parte que o CAPITÃO RODRIGO CAMBARÁ(um dos personagens mais carismáticos criados pelo Érico)morre o meu primo entrou em depressão chegando inclusive ao cúmulo de botar luto fechado. Como se tivesse perdido um amigo. O Érico soube do episódio e ficou tão encantado que escreveu-lhe uma carta carinhosa. Obedeço rigorosamente a máxima de Cícero "casa sem livros,corpo sem alma". Inclusive o melhor presente que eu posso ganhar é um livro,pois para mim quem te regala um livro está te elogiando,não é só um presente.
A NOTÍCIA:A poesia veio em primeiro e depois veio a composição musical e sempre com temas campeiros?

JOÃO SAMPAIO:Na verdade a poesia foi o refúgio que eu encontrei,para desensacar um universo campeiro que eu tinha arranchado dentro de mim. Com 14 anos fui estudar num internato do Colégio Mauá de Santa Cruz do Sul. Para um guri campeiro,que se criou na pampa ouvindo berros de touros,relinchos de potros e que teve como primeira música na infância,o tinido das rosetas das esporas do meu pai e da peonada,foi um verdadeiro choque cultural,o encontro com aquela alemoada. Gente com outros costumes,outros valores,um mundo tão diferente do meu de guri de fronteira,criado na garupa dos caiques que cruzavam o Uruguai num intercâmbio sem fronteiras. E foi assim,graças a saudade,que a poesia crioula entrou na minha vida para ficar. Tinha um professor de português em Santa Cruz do Sul,Guido Sefrin que me incentivou muito. Inclusive nos sábados eu fazia durante a aula dele,uma payada comentando as noticias da semana. Inspirado,mas não copiando,o que o Jayme Caetano Braun fazia na Rádio Guaíba acompanhado pelo Noel Guarany.

A NOTÍCIA:Voce sempre foi um estudioso sobre os temas que abraça ou isso veio mais tarde,no aprimoramento do seu trabalho?

JOÃO SAMPAIO:Eu sempre fui muito ávido pela nossa cultura. Era muito curioso e ia atrás. Deus me deu uma memória fotográfica. Aprendi espanhol sozinho,lendo,ouvindo e convivendo com los hermanos do garrão da América. Aprendi um pouco de guarani com o Noel Guarany,inclusive as suas armadilhas semânticas,prosódicas e fonéticas. É uma língua,ou um dialeto como querem os doutos e filológos,permeada e perfumada por uma aura de poesia telúrica. Como dizia Atahualpa Yupanqui,o patriarca do canto criollo "cuando se muere un cacique de mi raza es como se se incendiara toda una biblioteca.!"
Nessa área me atrevi a escrever um livro,com um título pretensiosamente nerudiano chamado VINTE E SEIS POEMAS GUARANIS & CINCO CANÇÕES DE RIO editado pelo IEL(INstituto Estadual do Livro)com parecer altamente elogioso e favorável do grande Sergio Faraco. Nessa obra eu resgato a simplicidade, a magia e a inocência das lendas e também da urdidura complexa das crendices e superstições que são o espelho da alma guarani e missioneira,pesquisados por nós no Brasil,na Argentina e no Paraguai. Isso abrange desde as lendas etiológicas da fauna e da flora,até as canções de ninar,a sabedoria aborígene,os mitos guaranis e uma mágica e inventiva versão índia do Dilúvio,com o respectivo Noé bugre e toda a bicharada da Arca.Estou sempre pesquisando a arte crioula,e sem xenofobia estudo toda a geografia do gauchismo,que não é só o Rio Grande,como querem,em sua estreiteza sociológica,antropológica e histórica os CTGs e o Movimento Oficial Gaúcho.


A NOTÍCIA:A crítica o considera uma das maiores expressões no estilo payador.Como começou isso e quais as influências que teve nessa área?

JOÃO SAMPAIO:Quando eu(ainda muito guri) comecei a militar na arte pampeana,eu me guiava por dois sinais luminosos na poesia:Aureliano de Figueiredo Pinto e Jayme Caetano Braun. Influenciado pela exuberância do Jayme comecei a praticar a dificil arte da payada.Muitas vezes,nas pulperias costeiras dos dois lados do Uruguai,ficavámos hasta que despuntase el alba guitarreando e payando de contrapunto eu e o Noel Guarany,que morava em Itaqui,meu maestro e também meu querido irmão espiritual que até hoje me faz muita falta. Para mim e para a verdadeira arte missioneira. Eram payadas inocentes,onde vergastavámos a ditadura da época e denunciavámos as injustiças sociais de maneira veemente e reverenciavámos as coisas eternas da condição humana. Hoje ainda improviso se for preciso. Mas gosto mesmo é de escrever. E quando estou deprimido não procuro analistas,pratico VERSOTERAPIA e me curo com o meu canto pampeano que um Tupã gaucho y misionero me alcançou de regalo.

A NOTÍCIA:Voce foi parceiro do Noel Guarany num elogiado LP. Com quais músicas?Fale sobre isso.

JOÃO SAMPAIO:Na verdade quem me descobriu para a música foi o Noel Guarany e além de me ensinar tanta coisa,ainda tive a honra de ser,juntamente com Jayme Caetano Braun(que na sua última aparição pública me indicou como seu sucessor!) e Aureliano de Figueiredo Pinto o letrista mais gravado pelo Noel.
Nas Missões a música sempre foi muito importante. Se cantava para tudo:para trabalhar,para festejar,para louvar o nosso Tupã guarani,para guerrear e também para prantear e enterrar os nossos mortos. O lendário Padre Antonio Sepp,formou milhares de músicos,virtuoses que tocavam com a notação musical mais avançada da época. Depois da expulsão dos jesuítas e do traslado dos índios,para o outro lado do rio aconteceu(com a chegada dos imigrantes gringos e outros fatores sócio-econômicos) uma certa "desaceleração" nessa musicalidade. Mais contemporâneamente,sobraram músicos espontâneos como o Cabo Laranjeira, o Reduzino Malaquias , o Chico Guedes e muitos outros,que,a duras penas,mantiveram galhardamente esse tesouro musical,lutando para não se contaminar com imitações dos Bertussi(que nada tinha e nada tem a ver conosco!) e de duplas sertanejas com temáticas postiças e artificiais,que não contextualizavam o canto da nossa terra e do nosso povo. E foi aí que surgiu a genialidade de Noel Guarany,que andou com sua guitarra mágica peregrinando pela América e miscigenou sonoridades remanescentes do antigo cancioneiro missioneiro guarani,com timbres platinos,uruguaios,argentinos e paraguaios. Disso tudo o Noel fermentou o bolo musical que hoje é conhecido como música missioneira. O Noel Guarany,foi,como diria Brecht,um homem imprescíndivel para o tempo em que viveu. Foi um pioneiro e um precursor único. Foi o primeiro a gravar uma chamarrita(que aqui era só dança coreográfica!),foi o primeiro a gravar uma cifra(ritmo do qual originou-se a milonga!)foi o primeiro a falar em bailanta,pulperia e também o primeiro a gravar um rasguido doble. E além disso fez escola. Atrás do rastro encantado deixado por ele,vieram o Pedro Ortaça e o Cenair Maicá,que cantavam outro gênero de música e se encontraram na picada aberta pelo Noel.O Noel foi tão importante que ,além de dotar a música gaúcha de uma face índia,que ela não tinha,abriu ainda para o grande Jayme Caetano Braun uma janela de latino-americanidade,livrando com isso o Jayme,daquela ortodoxia cetegeana e conservadora que ele tinha no início.Para mim,estudioso comprometido com a verdade,Noel Guarany é o verdadeiro marco divisório da música gaúcha. Surgiu com qualidade vocal,melodócia e temática muito antes da Califórnia e congêneres. Tinha carisma e estilo próprio e cantava com grande dignidade. Além do herdeiro espiritual por ele escolhido que é o Jorge Guedes,deixou inúmeros seguidores de sua escola como Luiz Marenco,Lisandro Amaral e muitos outros.Sua música tem uma estranha e mágica fosforêscencia é o pajé bugre da musicalidade missioneira. O Rio Grande tem uma dívida impagável para com o Noel Guarany.

A NOTÍCIA: Quais seus outros parceiros musicais?

JOÃO SAMPAIO: Ao longo do tempo,depois de ser descoberto pelo Noel,fui sendo procurado pela maioria dos cantores e compositores da muscicalidade contemporânea do Rio Grande do Sul. São muito poucos os artistas que militam na nossa música que até hoje não gravaram algo nosso.

A NOTÍCIA: CANTO AO CAVALO CRIOULO é uma homenagem à montaria do gaúcho. Como se inspirou nisso?

JOÃO SAMPAIO: CANTO AO CAVALO CRIOULO,foi escrito quando eu era ainda um guri. Lá por 1977 e só foi editado em 1982,pelo abnegado operário da nossa cultura,que foi o Martins Livreiro.
O opúsculo foi prefaciado pelo Noel Guarany e pelo Jayme Cateano Braun. Eu ainda moro no campo,tenho uma estanciola localizada na Coxilha do Rincão da Cruz,Centro Geográfico do município de Itaqui e estou permanentemente em contato com o campo,com o homem do campo e com os motivos que são a matéria-prima que endulza con su miel a nossa arte.

A NOTÍCIA: Quais os livros de poemas já lançados? Algum novo à vista?

JOÃO SAMPAIO:Tenho quase duas dezenas de livros editados. Na área da poesia crioula bilingue,do anedotário,do folclore e da cultura afro-ameríndia. Inclusive um chamado CANTOS DE TABA & SENZALA,editado na Argentina, e que juntamente com o meu compadre Jorge Guedes pretendemos transformar num CD,um projeto audacioso que resgata a musicalidade e a contribuição cultural da raça negra e do índio,ambos tão vilipendiados ao longo dos séculos. A raça negra se emancipou socialmente mas o índio(o precursor do gaúcho!) continua sendo tratado como um ser exótico. Como se estivesse num zoológico.

A NOTÍCIA:Quais as premiações que destacaria na na sua carreira?

JOÃO SAMPAIO:Já fomos premiados em vários eventos e em pencas festivaleiras,mas o maior prêmio é ser ouvido,lido,consumido pelo nosso povo e assim ajudar a fazer a manutenção e a preservação do patrimônio cultural da nossa terra e da nossa identidade sociológica. Também coinsidero prêmio a edição desse livro sobre os guaranis pelo IEL(Instituto Estadual do Livro)e também ter textos publicados na Argentina,no Uruguai,no Paraguai,poemas traduzidos no Japão e letras gravadas na Europa(Suiça) e nos Estados Unidos.

A NOTÍCIA: TOURO FUMAÇA, um dos seus maiores sucessos,na voz do Mano Lima,é uma música bonita e triste ao mesmo tempo,muito valorizada na sua obra. O que o inspirou mesmo?

JOÃO SAMPAIO: TOURO FUMAÇA que se popularizou na interpretação do meu compadre Mano Lima,é o relato de uma tragédia rural que eu ouví lá nos longínquos galpões da infância e que resolvi transformar num pequeno CONTO CRIOULO RIMADO,inovação que estamos lançando no nosso novo CD DUPLO(USA/DISCOS) chamado 40 MARCAS CAMPEIRAS DO PAÍS DA GAUCHADA. Inclusive um desses contos do CD(são sete!) impressionou muito o Sergio Faraco,nosso contista maior,que inspirado nele,pretende nos brindar com mais um dos seus contos magistrais e antológicos.

A NOTÍCIA: Algo a dizer sobre São Luiz Gonzaga e as Missões,terra de Noel,Ortaça,Guedes ,Jayme Braun e de tantos amigos?

JOÃO SAMPAIO: São Luiz Gonzaga é o meu segundo rincão. Tenho tantas vinculações com esse povo e essa terra. Estou em perfeita sintonia com a energia que emana e paira sobre essa lendária redução jesuitica e cada vez que a visito me sinto habitado pela mesma força cósmica que deixaram os pajés e os duendes missioneiros. Em São Luiz fiz e tenho tantos amigos queridos,pessoas raras como o Pedro Ortaça e família,querido irmão de ideário artístico,um grande artista popular. Meu compadre Jorge Guedes e família,que tem clarinadas na voz e um cacique guarani arranchado no coração;meu compadre Xirú Missioneiro dentro da sua singeleza um grande representante das Missões;meu amigo Nenê Guedes e família outro missioneiro que honra o chão em que pisa;os amigos da Casa do Poeta na pessoa da Vãnia Coimbra,a lembrança querida ,amiga e fraterna do Zizi(José Luiz da Cunha Pacheco),do Nélio Lopes e de tantos outros queridos amigos que nos fazem melhores do que realmente somos.
São Luiz é o Distrito Federal das Missões. A Capital Nacional do Folclore Missioneiro e o meu segundo lar.

Deixo um recado de amigo
Pra quem sofre e se maldiz
Se na tua terra parceiro
Te virarem o nariz
Arruma as malas na hora
E vem de muda pra São LUIZ!!!

* Entrevista que foi publicada no jornal A NOTÍCIA
nos dias 22/23 & 26 de outubro de 2011.

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"O CORRUPTO é um animal extremamente parecido com um NÃO CORRUPTO. Mas esta espécie está quase extinta por ser fácil de capturar. Está bem. Deus é brasileiro. Mas para defender o Brasil de TANTA CORRUPÇÃO só colocando Deus no gol."
MILLÔR FERNANDES