...Por Luiz Carlos Prestes!
À medida que vamos andando pela estrada da vida, mais clara fica a constatação de que, de fato, somos todos iguais. Iguais nas grandes ansiedades, nos mesmos sonhos, nas idênticas frustrações, no mesmo, não raro, silencioso desespero. Fatalista? Não, realista.
Ontem, encontrei com uma amiga, colega, jogamos na mesma área... Conversa vai, conversa vem, um pouco de intimidade: — E aí, como vão as coisas, a vida, a família...?
Foi o que lhe bastou. Contou-me de uma encrenca por que passa, encrenca séria, admito, mas não tanto para a frase que veio a seguir. A colega me disse que estava até aqui, que estava a ponto de desistir de tudo, que não via solução para o problema dela. Exagero? Não penso que seja, penso, isso sim, que cada um de nós tem um modo seu, pessoal, de ver a vida e de reagir diante do que nos acontece.
Ouvi o problema da moça, moça, sim, uma pessoa na faixa dos 30, mulher, é uma menina, convenhamos. Ouvi-a e já alinhavei alguns conselhos. Gosto disso, gosto muito quando alguém sai me dizendo que foi ótimo ter ouvido o que ouviu... Não é orgulho, soberba, leitora, é paixão pela verdadeira psicologia, a das almas em angústia.
Pois bem, quando a moça me disse que estava a fim de desanimar, desistir de tudo, imediatamente lembrei-me do filme Sociedade dos Poetas Mortos. Que filme!
Nesse filme, o professor, interpretado pelo Robin Williams, esse, sim, o cara, dá aos seus alunos um conselho. Diz a eles que quando se encontrarem diante de uma situação aparentemente sem saída, que subam na mesa. O que significa isso? Ué, faça o teste, leitor. Suba sobre uma mesa e depois me diga se você não viu a paisagem sobre outro ângulo, diferente do que costuma ver.
O subir sobre a mesa significa que a mesma situação, a mesma paisagem, quando vista de outro ponto, de outro ângulo, mostra-se diferente. E aí você vai achar a solução que não imaginava existir. Santo remédio para os desesperos.
As pessoas costumam esquecer que para qualquer problema sempre há mais de uma saída, que há vários modos de executar uma ação, jamais uma só. E, mais ainda, as pessoas em aflição não devem esquecer que somos todos diferentes no modo de ver a vida, mas que, ainda assim, todos temos uma formidável possibilidade de vencer as encrencas. Claro, antes de mais nada, nunca pensar em desistir.
A pressa em não ver saídas levou, tem levado, muitas pessoas a jogarem-se de um penhasco.
Tivessem tido um amigo, teriam subido sobre uma mesa...
E de lá teriam visto uma saída...
...Sempre há uma saída!!!
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Canção da bonita
(Aureliano de Figueiredo Pinto)
(Campeiro!)
Campeiro! ...Prepara o laço
No campo do teu amor.
É com a bonita? ...Pois, não!
Prepara o teu coração
Que é um alazão pisa-flor!
Campeiro! ...Esporeia o tino,
Afirma bem teu olhar,
Porque a bonita é matreira:
– De tua armada certeira
Talvez, se mande escapar!
Campeiro! ...Afirma os estribos,
Regula bem o teu braço,
Porque a bonita é aragana!
Quando gaúcho se engana
Errando o tiro de laço...
Campeiro! ...Ajeita teu pingo!
Ergue na rédea, caldeia!
Cuidado! Porque a bonita,
Com ares de tambeirita,
Larga o teu laço na areia!
Campeiro! ...Prepara o laço
No campo do teu amor...
Cuidado! A bonita é braba,
E a vida as vezes se acaba
P´ra um coração pisa-flor!!!...
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"O importante é levar, o que implicita o dar. O qualificar a gente vê no momento..."
(Anônimo)
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