quinta-feira, 31 de março de 2011

Chula...

Gurizada...

Minha vida nativista nasceu dentro de um CTG, aqui em Canoas, muito tradicional. O Brazão do Rio Grande. CTG que, felismente, me fez conviver com muita gente culta, campeira e de fundamento, dentro de todas as áreas possíveis do nosso gauchismo.
No nosso meio de festivais e de música podemos citar vários amigos que se criaram nesse mesmo ambiente sadio e cultural, como Erlon Pericles, Piriska Grecco, Cristiano Quevedo, Shana Muller, Luciano Maia, Rogéio Melo, Kiko Goulart, etc e etc.O que prova que o movimento tradicionalista gaúcho (independente dos exageros de regras desnecessárias) se bem estruturado gera cultura, e não apenas competitividade.
Bom...
Quero vir aqui falar sobre a dança gaúcha de maior difusão na américa latina, a dança da CHULA.
A CHULA é uma equivalência do MALAMBO Argentino, porém com peculiaridades diferentes, características próprios e de origem distinta. 


É uma Dança de origem cabocla, do ciclo do tropeirismo biriva brasileiro, com características somente masculina, na qual dois bailarinos (ou mais) se confrontam, cada um desejando mostrar as suas qualidades coreográficas, através de gestuais movimentos e sapateadas, de um e de outro lado de uma aste de madeira, colocada devidamente no chão. Dançada de espora ou não, a Chula exige resistência física dos dançarinos, afora ata capacidade rítmica e de improvisação. A chula é uma das quatro danças birivas do tropeirismo gaúcho, justamente com o Fandango sapateado, o Chico do porrete e a Dança dos facões.

(Grupo biriva Tranca-fio - Canoas/RS)

A CHULA foi pesquisada pelo consagrado folclorista João Carlos PAIXÃO CÔRTES em parceria com o escritor Barbosa Lessa, na cidade de Vacaria, RS, cidade historicamente biriva fundada por tropeiros. Para o programa, então, será feito uma entrevista-documental sobre a verdadeira história da CHULA, desmistificando fantasiosas histórias “de grupos de churrascaria” quanto a origem e motivos desta dança de lazer tropeira.


(Polako - Guarapuava/PR - nacional de 93)

A chula, através dos anos, por ser uma dança vistosa e de impacto, sofreu diversas fantasiosas descrições por seus dançarinos, geralmente desprovidos de cultura escrita, baseando-se apensas em coreografias ensaiadas. Estas criações foram, na grande maioria, erroneamente espalhadas devido aos grupos de shows (de churrascaria) que existiam em massa no RS no fim da década de 70 e início da década de 80, para criar “cenários” e “histórias” aos turistas diversos que visitavam o RS. A aste, no chão, da Chula, nunca teve, historicamente, a obrigatoriedade de ser “uma lança”, ou mesmo um bastão extremamente circular. A dança não esta diretamente ligada a uma idéia revolucionária ou guerreira. Mentalize outrossim: se para bailar a CHULA, o POVO, em sua ESPONTÂNEA maneira FOLCLÓRICA de agir COLETIVAMENTE, em tempo de paz, tivesse de carregar consigo, cada vez, uma lança de cavalaria (de 2,90m ou mais) para dançar este tema, na sociedade... Afora, uma liberdade figurativa teatral, que degradação, chegaria uma PRENDA se esta se condicionasse a disputa de seus amores, ao vencedor de uma CHULA, num genuíno meio campestre, de respeito e religiosidade... e tradicionalismos... São imagens que só podem ser concebidas num cenário fértil em figuras quixotescas...

(Luciano Arruda - Lages/SC - Nacional de 93)

Pense: a CHULA foi outrora um baile de LAZER sadio entre os gaúchos, entre os birivas, ainda que de disputa, e optativamente, no seio do mundo rural, com certeza. Lembramos ainda que o programa poderá utilizar a “quebra” destes tabus como motivo para uma maior audiência quanto ao evento, além de motivos para os porquês do concurso, trabalhando com entrevistas com dançarinos, com o povo, nas ruas, com chuliadores, pesquisadores, etc.

(Diego Müller - Canoas/RS)

Entre nossos amigos de festivais também temos grandes chuliadores, que deixaram marcas ás novas gerações e saudades nos amigos, de mesma era: Marcelo Oliveira, Rogéio Melo, Norton do Carmo, etc.

Saudade desse tempo!

Das festas do pinhão, Vacarias lendárias, Fegarts, e tudo mais!
Abraços a todos!

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